"As obras de Suas mãos são verdade e justiça; Imutáveis os Seus preceitos; Irrevogáveis pelos séculos eternos; Instituídos com justiça e eqüidade." - Salmo 110, 7-8

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Sexta-feira Santa: Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo

   Memória viva do Calvário


     Assaltados pelo acúmulo de informações que recebemos cada dia; preocupados com os acontecimentos que consideramos mais importantes viver no cotidiano, olvidamos com freqüência dos fatos que supõe, e que seguem supondo, momentos decisivos na história da humanidade, neste correr do homem sobre a terra acompanhado pelo tempo, que anseia converter-se em eternidade.

     Da informação que nos inunda, talvez em algum instante prestamos atenção às palavras de um historiador, de um filósofo, de um cientista. Nestes dias, já na Semana Santa, nossa alma anseia prestar atenção às palavras de Jesus Cristo, Deus e homem verdadeiro. A Pessoa divina que vive, em Sua carne e em Seu sangue, a morte do homem.

     A notícia de Sua morte e de Sua Ressurreição será sempre atual até que Deus coloque ponto final na história dos homens. Que colocará.

     Para falar, uns sobem ao púlpito, à uma cátedra, à um balcão, à um trono; Jesus Cristo subiu à Cruz, e entre outras coisas, disse:

     "Tenho sede."

     "Depois de tudo isto, sabendo Jesus que estava já tudo consumado, para que se cumprisse a Escritura, disse: "Tenho sede"" (Jo 19, 28). São algumas das últimas palavras ditas por Deus Filho com Sua boca mortal, ao concluir, exausto e abatido, Seu caminhar na terra. "Tenho sede".

     De quê tem sede o Cristo?

     É a sede de todos os crucificados, de todos os que padecem tormentos semelhantes, a sede originada pela perda de sangue?

     Não. Jesus Cristo, Deus e homem verdadeiro, vive a sede que Deus tem dos homens. Tem sede da conversão dos pecadores, para que abramos o coração em arrependimento e possamos vislumbrar o amor que Deus nos tem. Cristo vive a pena e a dor das almas que rechaçam o Amor de Deus, escolhem o inferno para si mesmos, e desprezam o Céu que Deus lhes oferece; e tem sede de seu arrependimento.

     Tem sede de que se cumpra a Escritura; não simplesmente a literalidade das palavras que recorda ante o vinagre que Lhe oferecem: "Na minha sede deram-me vinagre para beber" (Salmo 68, 22). Tem sede de saciar a sede de Seu Pai Deus, a sede que O trouxe ao mundo buscando a Glória à Deus e o bem das criaturas. Tem sede de: "Que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da Verdade".

     Tem sede de dar-nos vida, para que nosso viver se enxerte na vida de Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Tem sede do amor dos homens, que, pregado na Cruz, está mostrando todo o Amor de Deus. Tem sede de iluminar com Sua Luz e Seu Amor nossas trevas de egoísmo, de rancor.

     Tem sede de que os homens deixemos de nos matar, de fazer-nos mal, uns aos outros. De que respeitemos Sua Criação, e deixemos nascer todos os concebidos; que não "fabriquemos" criaturas para nosso egoísmo e recreio, escolhendo-os loiros, morenos, sãos, enfermos, etc.

     Tem sede de que recebamos a Paz que nos oferece em Seu nascimento, "Glória à Deus no Céu e Paz aos homens de boa vontade", e que de novo ofereceu à Seus Apóstolos - e neles à todos nós - ao encontrá-los depois da Ressurreição.

     Pregado na Cruz, Cristo consuma o plano divino da Criação, Redenção e Santificação do homem. Sua missão não se concluirá até que o último homem deixe a terra, e até o fim dos tempos permanecerá pregado na Cruz com os braços abertos, mostrando-nos o Amor divino que nos livrou do pecado, que nos faz fortes para vencer todas as "insídias do Diabo", que quer acolher-nos no Seu Amor, para que nós também tenhamos essa sede, e saciemos Sua sede.

     E essa notícia será sempre atual, ante o passar das nações, dos exércitos, dos Papas, dos homens e das mulheres de todos os rincões do planeta.

     Podemos nós, criaturas mortais, saciar a fome, a sede, do Filho de Deus, por Quem foram feitas todas coisas, no Céu e na terra?

     São Josemaría contempla à Cristo, pregado, sujeito às madeiras da Cruz, que espera cada um de nós uma "esmola de amor". É possível?

     Uma "esmola de amor" são detalhes de carinho, de amor, de fidelidade, de lealdade, de serviço, de perdão ante Cristo na agonia da Cruz. E assim acalmamos a sede do Senhor unidos ao pranto e estupor das santas mulheres que acompanharam à Virgem Maria ao pé da Cruz. Saciamos a sede de Cristo e abrimos nosso espírito à luz, ao calor do Amor de Deus.

     "Tenho sede". E conclui o Evangelho: "Quando Jesus tomou o vinagre, disse: "Tudo está consumado", e inclinando a cabeça, entregou o espírito".

     A morte de Jesus Cristo naquela tarde em Jerusalém seguirá sendo notícia atual até a "ressurreição da carne". Que a carne ressuscitará.

Nenhum comentário:

A autora

Minha foto
Filha da Santa Igreja Católica Apostólica Romana.