Óleo sobre tela: Domingo de Ramos - Piotr Zdzislaw Jasinski, 1891 |
"Nestes dias em que celebra-se solenemente o aniversário memorial da Paixão e Cruz do Senhor, nenhum tema de pregação mais apropriado, segundo creio, que Jesus Cristo; e este crucificado. E inclusive em qualquer outro dia, pode pregar-se algo mais conforme com a fé? Há algo mais saudável para o público ou mais apto para curar os costumes? Há algo tão eficaz como a recordação do Crucificado para destruir o pecado, crucificar os vícios, nutrir e robustecer a virtude?
Fale, pois, Paulo entre os perfeitos uma sabedoria misteriosa, escondida; fala-me à mim, cuja imperfeição percebem até os homens, fala-me de Cristo crucificado, necessidade certamente para os que estão em vias de perdição, mas para mim e para os que estão em vias de salvação é força de Deus e sabedoria de Deus; para mim é uma filosofia altíssima e nobilíssima, graças à qual me rio da apaixonada sabedoria tanto do mundo quanto da carne.
Quão perfeito me consideraria, quão aproveitado na sabedoria se chegasse a ser pelo menos um idôneo ouvinte do Crucificado, à Quem Deus fez para nós não só sabedoria, mas também justiça, santificação e redenção! Se realmente estás crucificado com Cristo, és sábio, és justo, és santo, és livre. Ou não é sábio quem, elevado Cristo sobre a terra, saboreia e busca os bens lá de cima? Acaso não é justo aquele em quem ficou destruída sua personalidade de pecador e livre da escravidão do pecado? Por ventura não é santo o que à si mesmo apresenta como hóstia viva, santa, agradável à Deus? Ou não é verdadeiramente livre aquele à quem o Filho livrou, quem, desde a liberdade de consciência, confia fazer sua aquela livre afirmação do Filho: Se aproxima o Príncipe deste mundo; não é que ele tenha poder sobre mim? Realmente do Crucificado vem a misericórdia, a redenção copiosa, que de tal redimiu Israel de todos os seus delitos, que mereceu sair livre das calúnias do Príncipe deste mundo.
Que O confessem, pois, os redimidos pelo Senhor, os que Ele resgatou da mão do inimigo, os que reuniu de todos os países; que O confessem, repito, com a voz e o espírito de seu Mestre; Deus me livre de gloriar-me senão na Cruz de nosso Senhor Jesus Cristo."
Fonte: Oratório Monástico
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