"As obras de Suas mãos são verdade e justiça; Imutáveis os Seus preceitos; Irrevogáveis pelos séculos eternos; Instituídos com justiça e eqüidade." - Salmo 110, 7-8

domingo, 9 de março de 2014

Como rezar quando me encontro apático e vazio?



Este pequeno ensinamento do Pe. Pedro Barrajón tem muito a ver com o Santo Evangelho de hoje (São Mateus 4, 1-11) - primeiro domingo da Santa Quaresma -, que nos fala do deserto, da travessia na "noite escura da alma" (São João da Cruz, místico e Doutor da Igreja) por causa de nossa condição de pecadores, da natureza humana decaída. Reflitamos.

     Nossa vida emotiva, afetiva e sentimental sofre freqüentes variações. Às vezes estamos entusiastas, às vezes nos encontramos desanimados, vazios interiormente. Não temos vontade de rezar. O quê fazer nesses casos? Nos impomos um dever, ou esperamos um momento melhor?

     Não é uma resposta fácil a que se pode fazer à esta pergunta, porque as circunstâncias da vida são muito variadas, mas com freqüência todos nós nos encontramos em situações anímicas pouco favoráveis à oração. O quê fazer? A oração sempre suporá um certo esforço. Normalmente a vida de oração requer empenho, e se rezemos só quando sentimos que tudo vai de vento em popa, então só rezaríamos em poucos momentos de nossa vida.
     Temos que aprender a unirmo-nos à Deus em qualquer circunstância da vida, e esforçar-se para rezar, embora nosso estado de ânimo não seja favorável como nós quereríamos. É muito útil propôr-se por isso um tempo de oração diário, e se é possível, escolher também um momento apropriado do dia no que se fará oração mental. Com isso não temos que cair em um erro voluntarista que tudo deixa ao esforço humano, mas uma antropologia realista convida a supôr que, embora há sem dúvida nenhuma períodos nos que rezar é fácil, e inclusive nos causa deleite espiritual, em outras muitas circunstâncias a oração é um trabalho no que colocamos a aquecer não só os motores da alma, mas de toda nossa personalidade para unirmo-nos com Deus.
     Meu conselho, por isso, é que precisamente porque podemo-nos encontrar apáticos e vazios interiormente, é que mais necessitamos rezar. O demônio pode facilmente induzir-nos a deixar a oração para um período em que tudo se nos apresenta fácil e gostoso, período que às vezes não chegará, e por isso os momentos de oração se irão relegando até talvez desaparecer do mapa de nossa vida. Santo Inácio de Loyola fala em seus exercícios espirituais do "diametrum per oppositum", a saber, atuar de forma contrária ao que nos conduz uma inclinação desviada ou paixão. Algo semelhante pode-se aplicar à oração: se estamos apáticos é então quando tem-se que fazer mais oração para encher a alma da presença divina, e abrir-nos com maior docilidade à ação do Espírito nela.

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