"As obras de Suas mãos são verdade e justiça; Imutáveis os Seus preceitos; Irrevogáveis pelos séculos eternos; Instituídos com justiça e eqüidade." - Salmo 110, 7-8

terça-feira, 21 de maio de 2013

Mulheres comprometidas na salvação do povo

     
Visitação da Bem-aventurada Virgem Maria


       O Antigo Testamento nos faz admirar a algumas mulheres extraordinárias que, sob o impulso do Espírito de Deus, participam nas lutas e nos triunfos de Israel, contribuem na sua salvação. Sua presença nas vicissitudes do povo não é nem marginal nem passiva: apresentam-se como autênticas protagonistas da história da salvação. Tenho aqui os exemplos mais significativos.

       Depois da passagem do mar Vermelho, o texto sagrado destaca a iniciativa de uma mulher inspirada para celebrar com júbilo esse acontecimento decisivo: "Maria, a profetisa, irmã de Aarão, tomou em suas mãos um tamborim, e todas as mulheres a seguiam com tamborins e dançando em coro. E Maria as acompanhava entoando: "Cantai ao Senhor, porque fez brilhar Sua glória; precipitou no mar cavalos e cavaleiros!"" (Ex 15, 20-21).

       Essa menção da iniciativa feminina em um quadro de celebração destaca não só a importância do papel da mulher, mas também sua aptidão particular para louvar e dar graças a Deus.

       Uma ação ainda mais importante realiza, no tempo dos Juízes, a profetisa Débora. Depois de haver ordenado ao chefe do exército que reunisse seus homens e começasse a batalha, ela, com sua presença, assegura o êxito do exército de Israel, anunciando que outra mulher, Jael, matara o chefe dos inimigos.

       Ademais, para celebrar a grande vitória, Débora entoa um longo cântico com o que louva a ação de Jael: "Bendita seja entre as mulheres Jael (...). Entre as mulheres da tenda seja bendita!" (Jz 5, 24). As palavras que Isabel dirige a Maria no dia da Visitação: "Bendita és Tu entre as mulheres..." (Lc 1, 42), são um eco desse louvor no Novo Testamento.

       O papel significativo das mulheres na salvação do povo, posto de manifesto pelas figuras de Débora e Jael, volta a encontrar-se no caso de outra profetisa, chamada Holda, que viveu nos tempos do rei Josias.

       Interrogada pelo sacerdote Helcias, pronuncia oráculos que anunciam uma manifestação do perdão para o rei, que temia a ira divina. Holda se converte assim, em mensageira de misericórdia e de paz (II Rs 22, 14-20).

       Os Livros de Judite e Ester, que têm como finalidade exaltar, de modo ideal, a entrada positiva da mulher na história do povo eleito, apresentam - em um quadro cultural de violência - duas figuras de mulheres que contribuem para a vitória e a salvação dos israelitas.

       O Livro de Judite, em particular, refere que o rei Nabucodonosor envia um temível exército para conquistar Israel. Guiado por Holofernes, o exército inimigo está à ponto de apoderar-se da cidade de Betúlia, em meio do desespero de seus habitantes que, considerando inútil qualquer resistência, pedem aos chefes que se rendam. Mas aos anciãos da cidade, que, por não contar com ajuda imediata se declaram dispostos a entregar Betúlia ao inimigo, Judite reprova sua falta de fé, manifestando plena confiança na salvação que vem do Senhor.

       Depois de ter invocado à Deus por um longo tempo, Judite, símbolo da fidelidade ao Senhor, da oração humilde e da vontade de manter-se casta, se dirige até Holofernes, o general inimigo, orgulhoso, idólatra e dissoluto.

       Depois de ter ficado à sós com ele, antes de matá-lo, se dirige ao Senhor dizendo: "Dá-me fortaleza, Deus de Israel, neste momento!" (Jdt 13, 7). Logo, com a espada de Holofernes, lhe corta a cabeça.

       Também aqui, como no caso de Davi frente à Golias, o Senhor serve-se da debilidade para triunfar sobre a força. Contudo, nesta circunstância, quem alcança a vitória é uma mulher: Judite, sem deixar-se vencer pela pusilanimidade e a incredulidade dos chefes do povo, alcança chegar até Holofernes e o mata, merecendo a gratidão e o louvor do sumo sacerdote e dos anciãos de Jerusalém. Estes, dirigindo-se à mulher que venceu o inimigo, exclamam: "Tu és a glória de Jerusalém; tu és a alegria de Israel, tu és a honra do nosso povo. Tudo isto fizeste com a tua mão, fizeste o bem para Israel e Deus se agradou destas coisas. Tu és bendita, ó mulher, junto de Deus Todo-poderoso, para todo o sempre!" (Jdt 15, 9-10).

       Em outra situação de grave dificuldade para os judeus, tem lugar na história narrada no Livro de Ester. No reino da Pérsia, Amã, o encarregado dos negócios do rei, decreta o extermínio dos judeus. Para remover o perigo, Mardoqueu, um judeu que vive na cidadela de Susa, recorre à sua sobrinha Ester que vive no palácio do rei, onde alcançou o posto de rainha. Esta, contra a lei vigente se apresenta ao rei sem ter sido chamada, e correndo o perigo de ser condenada à morte, obtêm a revogação do decreto de extermínio. Amã é executado, Mardoqueu chega ao poder, e os judeus, livres da ameaça, vencem assim seus inimigos.

       Judite e Ester põem em perigo sua vida para alcançar a salvação de seu povo. Porém essas duas intervenções são muito diferentes: Ester não mata o inimigo, mas que desempenhando o papel de mediadora, intercede em favor dos judeus ameaçados com o extermínio.

       O Primeiro Livro de Samuel atribui depois essa função de intercessão à outra figura de mulher, Abigail, esposa de Nabal. Também aqui, graças à sua intervenção, se realiza outro caso de salvação.

       Abigail sai ao encontro de Davi, que havia decidido aniquilar a família de Nabal, pedindo perdão pelas culpas de seu esposo, e assim livra sua casa de uma desgraça segura (cf. I Sam 25).

       Como se pode notar facilmente, a tradição veterotestamentária põe de manifesto em numerosas ocasiões, sobretudo nos escritos mais próximos à vinda de Cristo, a ação decisiva da mulher para a salvação de Israel. Deste modo, o Espírito Santo, através das vicissitudes das mulheres do Antigo Testamento, ia delineando cada vez com maior precisão as características da missão de Maria na obra da salvação da humanidade inteira.

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