"As obras de Suas mãos são verdade e justiça; Imutáveis os Seus preceitos; Irrevogáveis pelos séculos eternos; Instituídos com justiça e eqüidade." - Salmo 110, 7-8

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Beber as Escrituras

Por: Pe. José Antonio Fortea



       Ao ir beber o vinho consagrado do cálice, me dei conta que naquele Sangue, de certa maneira, continha a Sagrada Escritura. Porque a Bíblia preexistia em Deus, enquanto que Ele já a conhecia antes de criar o mundo. Antes que existissem os assírios que invadiriam Jerusalém, antes que fosse sido pronunciada a primeira palavra grega no mundo, antes que as ovelhas de Abraão fossem criadas, Deus já conhecia o número exato dos capítulos da Bíblia e cada um de seus versículos. As Escrituras preexistiam no conhecimento do Deus Infinito. E entendido nesse preciso sentido, me dei conta, pela primeira vez em minha vida, de que as Sagradas Escrituras estavam contidas no vinho eucarístico desse cálice.

       Antes de sumir o vinho, contemplava o cálice admirado deste pensamento. Era assombroso. Beber o Cálice da Nova Aliança significa que algo tão etéreo e imaterial como é a Palavra de Deus, de certa maneira, estava aí não como palavra sobre papiro ou pergaminho, mas como a palavra está na pessoa que fala. A sensação que tive foi a de que ia beber as Escrituras. Frase incorreta em sentido estrito, mas sem afirmar isso, já entendeis o sentido do que digo. Cristo, Fonte da Revelação, estava ali presente.

       A Palavra de Moisés, de Jeremias, de Baruc que escutou o Povo Eleito, depois da Encarnação havia sido pronunciada pelos mesmos lábios de Deus feito homem. E assim, há dois mil anos, os judeus puderam escutar Jesus ler na sinagoga os textos sagrados, ou seja, puderam escutar a Escritura com a mesma voz de Deus, não mais com a voz dos Profetas. Os ecos disso chegaram a nós, embora não Sua própria voz, a exata voz de Jesus de Nazaré.

       Mas se Sua voz pessoal se apagou no ar deste mundo, Cristo chegou a nós tangivelmente na Eucaristia. E embora o Pão e o Vinho Consagrados sejam materialmente silenciosos, sabemos que neles está contida toda a Escritura no sentido anteriormente explicado. Beber desse cálice, pela primeira vez, apresentou-me baixo um aspecto distinto. Depois de escutar as Escrituras na primeira parte da Missa, agora havia chegado o momento de beber da Fonte das Escrituras.

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