"As obras de Suas mãos são verdade e justiça; Imutáveis os Seus preceitos; Irrevogáveis pelos séculos eternos; Instituídos com justiça e eqüidade." - Salmo 110, 7-8

sábado, 9 de julho de 2011

Filo-lefebvrianos III

Para entender:
Filo-lefebvrianos I
Filo-lefebvrianos II

Pe. José María Iraburu
Descrevi em dois artigos, sem nomear pessoas ou grupos concretos, um catolicismo vinculado mais ou menos à Mons. Lefebvre, que adoece de graves desvios em algumas importantes questões. E alguns, auto-identificando-se com a descrição, têm se sentido ofendidos, têm protestado em diversos meios da internet com grande energia e agressividade, publicando uma avalanche de argumentos e documentos contra meus artigos.

Se sentem muito doloridos. E se compreende perfeitamente. Os filo-lefebvrianos estão acostumados a ser impugnados pelos progre-modernistas, em uma palavra, pelos hereges; mas não por católicos tradicionais como eu. Aos ataques dos progressistas já estão acostumados; mas são totalmente deslocados e perplexos quando recebem de pronto a impugnação de um que, como eu, descreve exatamente seus erros, depois de haver escrito neste mesmo blog mais de uma centena de artigos nos que denuncio os abusos e infidelidades que se produzem frequentemente nas igrejas do Ocidente descristianizado, e nos que critico à Marciano Vidal, Anthony de Mello, Olegário, Borobio, Flecha, Schillebeeckx, Haight, Sobrino, Rahner, Küng, Pagola, etc.; e nos que, mais ainda todavia, rejeito os erros dos luteranos, dos quietistas e, o que já é o cúmulo, de toda a piedosa corte aparentemente correta de semipelagianos, que hoje talvez são maioria entre os bons católicos. Pode repassar-se o Índice de Reforma o apostasía para comprovar que digo a verdade.

Os adversários de meus artigos parecem não entender que uma coisa é ser tradicional e outra ser lefebvriano ou filolefebvriano. Os católicos, para sermos católicos, temos de ser todos tradicionais, como também temos de ser ao mesmo tempo bíblicos e fiéis ao Magistério apostólico de todos os Concílios e do Papa. "Tradição, Escritura e Magistério da Igreja, segundo o plano prudente de Deus, estão unidos e ligados, de modo que nenhum pode subsistir sem os outros" (Vaticano II, DV 10). Por isso, de nenhum modo criticamos aos lefebvrianos ou filolefebvrianos por seu amor à Tradição católica, mas porque, atuando e pensando contra ela, - admitem as ordenações episcopais cismáticas, realizadas contra a Lei da Igreja e da vontade expressa do Papa, - mantém durante vários decênios, e todavia hoje, "reservas sobre a obediência à sua autoridade doutrinal [do Papa] e a do Concílio" (Bento XVI, 10/03/2009), - e resistem à Liturgia católica em sua forma ordinária atual, que foi renovada em 1970 por Paulo VI, como se fosse inconciliável com a liturgia antiga.

Entendemos os sofrimentos de Mons. Lefebvre e de seus seguidores ante às infidelidades doutrinais, disciplinares e litúrgicas na Igreja, e participamos da mesma dor. Este é o tema do presente blog, Reforma o apostasía. Mas não aceitamos aqueles aspectos do lefebvrismo que, como disse Bento XVI na carta citada, necessitam "arrependimento e a volta à unidade". Por desgraça, vinte anos depois da ordenação [causa das excomunhões há pouco levantadas] este objetivo não se tem alcançado todavia".

Tem havido muitos comentários favoráveis à Filo-lefebvrianos I e II, e me tem alegrado especialmente aqueles que procedem de meus companheiros mais próximos.

- Juanjo Romero: "Pelos comentários já se vê que era uma postagem muito necessária. Subscrevo da cruz à linha. Muito obrigado. Tomo a licença de publicá-lo em conoZe.com". - Bruno Moreno: "Muito bom artigo, que subscrevo do princípio ao fim". - Eleuterio Fernández: "Me parece a sua uma explicação mais que importante à respeito do assunto dos chamados "filolefebvrianos" que deveria fazer calar muitas vozes". - Luis Fernando Pérez Bustamante: "Como diretor de InfoCatólica faço minha essa postagem do Pe. Iraburu. Fazia muita, muitíssima falta um texto como este". - Guillermo Juan Morado: "Muito obrigado por este artigo tão claro e valente. O exemplo dos santos, ao que você alude, é uma "prova de fogo"". - Miguel Vinuesa: "As observações feitas aqui já não respondem à mera opinião. São fatos". - Daniel Iglesias: "Muito obrigado, Pe. Iraburu. Excelente artigo". - José Miguel Arráiz: "Outro clássico que tomarei com sua permissão padre, para enriquecer ApologeticaCatolica.org". - Nelson Medina: "Esclarecedor. Útil. Referência obrigatória quando se fala desses temas". - Ricardo de Argentina, o cito como digno representante dos numerosos comentaristas amigos de InfoCatólica: "Esta postagem sua, monumental ao meu pobre juízo, vai fazer muitíssimo favor da reintegração plena da Fraternidade ao seio da Igreja". Não lhes conto tudo o que meu pobre ego tem engordado com estes e outros elogios, já que podem imaginar.

Mas também são muitos os que em seus comentários têm combatido fortemente contra estes artigos sobre o filolefebvrismo e contra seu autor. E também, pelo mesmo preço, tem carregado alguns muito duramente contra InfoCatólica. Começo por citar alguns dos comentários aos artigos Filo-lefebvrianos I (138) e II (150), que estiveram abertos uns três dias cada um. Escolho algumas frases mais significativas.

- Cipitria: "Você está disparando contra moinhos de vento, refugiando-se em adversários que não existem, para argumentar com preguiça...Decepcionante InfoCatólica e muito hábil dividindo a Igreja. Isso é muito grave".

- In diebus illis: "Dá-nos soluções porque está desmoronando, você guarda a roupa e o resto nos toca lutar contra os frutos do modernismo implantado e consentidos desde a cabeça da Igreja Romana". "Você...intentaria justificar que se pode ser tradicionalista admitindo uma missa bastarda. Por quê não faz um exame comparativo do novo happening protestante com a verdadeira missa católica?". Missa bastarda e verdadeira Missa católica...

- Lucas: "Você segue sem aclarar qual é o motivo que lhe tem levado a publicar sua série sobre os filo-lefebvrianos, e sem definir o que é um filo-lefebvriano. A Santa Sé leva anos em um processo de abordagem com os quatro bispos da FSSPX, e vem você e publica esse artigo?".

- Lautaro: "Padre Iraburu: O tenho seguido durante anos; tenho repassado suas obras para muita gente, pelo bem que você fazia...Deixe-me dizer-lhe que o considero um hipócrita e um covarde. Quebrarei todas as suas obras e irei substituir pelas de alguma pessoa que não se pareça tanto aos fariseus dos tempos de N. Senhor...Me confirmam que têns feito tudo isso como um "serviço" bem remunerado, precisamente por ser quem é, e que tem partido mais de sua soberba que de seu entendimento".

- Fernando: "Me pergunto o que busca o padre Iraburu com esse ataque frontal, extemporâneo e iníquo contra a Fraternidade..."Devia algum favor que teve que pagar?".

- Longinus, Lefebvrista: "Os últimos eventos da Igreja justificam plenamente as ações de Mons. Marcel Lefebvre, diante da beatificação de João Paulo II, do encontro de Assis...rezo para que não se chegue à plena comunhão, se é que o resultado vai ser a demolição ou extinção da Fraternidade de São Pio X, que já tem passado repetidas vezes com outros institutos Tradicionais".

- Piel de Toro, em referência à um texto em que eu havia citado ao "sagrado Concílio Vaticano II", comenta: "Dom José María, somente digo que quase desmaio lendo o "sagrado"  CVII. "Sagrado"? Por favor, pode nos explicar o "Sagrado"?!".

- Um sacerdote católico: "É evidente, os fatos e muitos textos o provam, que os papas desde João XXIII estão imbuídos de um espírito liberal, progressista. Desde de João XXIII a Franco-maçonaria tem os papas que esperava. Não somente os papas, mas também boa parte da hierarquia. Os últimos e próximos acontecimentos de Bento XVI o provam amplamente (livro "Luz do mundo" com uma posição duvidosa sobre o preservativo, anúncio da próxima beatificação de João Paulo II, o papa mais escandaloso da história da Igreja, e o anúncio do próximo encontro de Assis, insulto supremo à NSJC, único salvador). O padre Iraburu está de acordo que existe modernistas progressistas no interior da Igreja. Mas por uma cegueira voluntária se nega a considerar que também o papa pode ser modernista".

Os convido a explorar também aqueles sites da internet que têm combatido meus artigos sobre o filo-lefebvrismo. Seus artigos e alguns dos comentários, reforço, podem ajudar-lhes a conhecer melhor, ao vivo, a realidade real, não fingida, não inventada, do mundo lefebvriano e filo-lefebvriano, assim como a variedade multiforme de suas modalidades.
Enquanto descanso e rezo, reflexiono e preparo com calma meu Filo-lefebvrianos IV, vocês podem visitar, se o tema lhes interessa, os lugares que passo a indicar-lhes.

- Don Angel David Martín Rubio publica em seu blog de Religión en libertad dois artigos de um tal Petrus Hispanus, autor anônimo muito próximo à ele, pelo visto: Filo-lefebvrianos: una respuesta a D. José María Iraburu e El espléndido aislamiento de D. José Mª Iraburu. Não os comento, porque têm uma argumentação muito pobre. No entanto, convém destacar a imagem que ilustra o segundo artigo, e que é reproduzido neste meu: Paulo VI, reclamando de que "a fumaça de Satanás está entrando na Igreja", é quem realmente o está fomentando ao haver promulgado o Novus Ordo litúrgico pós-conciliar, "a Missa bastarda" de que falava aquele comentarista já citado.

Não entendo bem em que sentido Don Angel David Marín Rubio alude ao esplêndido isolamento de D. José Mª Iraburu. De um lado, são numerosos os que têm apoiado meus artigos; e de outro lado, muito mais importante, graças à Deus, estou em comunhão plena com uns 4 mil bispos católicos unidos ao Papa, e tenho muitos amigos. Como explica Don Angel David meu isolamento?...Isto me recorda um locutor inglês que, há 40 anos, anunciou pela rádio: "no canal da Mancha um grande nevoeiro mantém isolado o continente europeu".

- In diebus illis reproduz esses dois artigos, indicando sua origem, e mudando títulos e imagens: Adversus Iraburu: ou como se rebaixa a bandeira e Adversus Iraburu II: ou como o estúpido volta ao trigo. Os introduz dizendo que sou como "caniço agitado pelo vento" (São Lucas 7, 24), que ataco ao "homem que salvou a doutrina, a Tradição, o sacerdócio católico e o Santo Sacrifício frente à ruína que se grassava no resto da Igreja. Com a cumplicidade de grandes cardeais e grandes bispos e teólogos que calavam e engoliam sapo. Estes cúmplices, linha média, covardes, que destilam os textos do CV2 para intentar fazê-los compatíveis com a verdadeira ortodoxia católica [desavergonhados], são os que mais danos trazem à Igreja".

A imagem que é posta - a CEE nos tira a fé - é retirada deste blog, que como se vê, é sumamente primário. Ao final dos dois artigos que reproduz, dá os links da infoCaótica que indico a continuação.

- InfoCaótica é um blog nascido para combater meus artigos sobre os filolefebvrianos e, suponho, contra InfoCatólica no geral. InfoCatólica comunicou o nascimento de InfoCaótica em seu blog La Caverna, com um artigo de Arqueológicus Brutote, eminente homem das cavernas, titulado Se amplia o negócio. Este novo site começou publicando Glosas al último (Deo volente) artigo do P. Iraburu (I), Glosas al último (Deo volente) artigo do P. Iraburu (II), e Glosas al último (Deo volente) artigo P. Iraburu (III).

Há que confessar que esses infocaóticos são eruditos, discorrem muito, embora não bem, e argumentam com uma sofisticada dialética, que lembra aqueles rabinos que interpretando o Talmud "filtram um mosquito e engolem um camelo" (São Mateus 23, 24). São capazes de contar os pêlos de um coelho, mas não distinguem o touro de uma vaca. Bruno Moreno os retrata muito bem em De perdices mareadas, cismas e lefebvrianos:

Estes infocaóticos justificam, claro, as ordenações episcopais de Mons. Lefebvre, e não vêem nelas desobediência alguma. Apoiam suas argumentações nos mais sólidos pilares. - Santo Tomás de Aquino ensina que a lei injusta não obriga, e que pode ser obrigatório resistir-lhe em consciência (STh I-II, 96,4). A obediência, se cair em excesso, se faz subserviente (II-II, 104,2). - São Roberto Belarmino disse que "à aquele que tratasse de destruir a Igreja, é lícito resistir-lhe, não fazendo o que manda e impedindo a execução de sua vontade" (De Romano Pontífice II, 29). - O Cardeal Charles Journet: "Pode-se imaginar a realização de um ato canônico, com toda boa fé, que em realidade seja contrário à lei natural ou evangélica. Em tal caso, a obediência será impossível, e será melhor aceitar a excomunhão com fé e humildade".

Os infocaóticos aplicam estes altos e nobres princípios ao caso extremo de Mons. Lefebvre, que ordena bispos vendo necessária a Fraternidade de São Pio X para assegurar "a continuidade da Igreja". Empenhados os Papas pós-conciliares na destruição da Igreja, e exigindo a Lei canônica e o mandato do Papa um ato contrário à lei evangélica, fez Lefebvre resistir aos mandatos injustos, também o do Papa, e evitando uma obediência servil, fez o que exigia o bem da Igreja, aceitando a excomunhão humildemente. Uma excomunhão, que ao ser radicalmente injusta, era inválida...Que esforços formidáveis realizam estes grandes ingênuos infocaóticos, tão dignos de ser empregados em melhores causas.

- Martin Ellingham tem no portal de documentos Scribid.com seu artigo 24 teses anti-filolefebvrianas. As publicou também no blog Wanderer. As linkou também em fóruns gerais de discussão de Catholic.net. Essas 24 teses de Ellingham, fazendo paródia de meu pensamento - recurso em princípio aceitável nas polêmicas -, mostram a que consequências tão absurdas pode levar:

A tese 12, por exemplo, diz: "Desde a perspectiva da moral cristã toda desobediência é "cisma material". Assim, por exemplo, os sacerdotes que não cumprem a obrigação de vestir traje eclesiástico incorrem no pecado de "cisma material"". Se meu pensamento leva à essa estupidez, é claro indício de que tenho que reaver meu pensamento. Ai, mãe: na minha idade.

- Ex-Orbe, um dos vários blogs de um grande escritor, que aqui assina Terzio, publica Sobre un articulete del p. Iraburu. Começa com um elogio de minha pobre pessoa, para passar em seguida a afirmar que a degradação pós-conciliar de modo algum encontrou resistência suficiente na "formidável figura" de Dom Marcel e os toledanos, nem no padre Rivera ou o padre Mendizábal, nem tampouco no joãopaulismo. Nem tampouco em mim e meus análogos. Eu lhe pareço "um tanto patético, cavaleiro da triste figura, lança em riste". A verdadeira resistência se centrou e centra nos lefebvrianos. Ele não se identifica totalmente com eles, mas me reprova: "minar os resistentes é uma forma de aliar-se, se reconheça ou não, com o inimigo...Eu prefiro admirar os do castelo, confesso...Tenho claro, muito claro, que não são o inimigo. Pelo contrário".

- Catholic.net é o site em que Miles_dei abre um fórum de discussão muito promissor, El Padre Iraburu y los filos-lefebvrianos, mas só durou um dia, já que foi fechado pela nova Diretora da Catholic.net, Sra. Mayra Novelo. Deus a pague.

- Asando la Manteca é o blog onde Museros nos explica em Filomeno, a mi pesar que entre os protestantes e a FSSPX lefebvriana há uma grande diferença. Não suspeitamos.

- Coronel Kurtz, em seu artigo Correo recibido: Cuando un moralista escribe a pedido sobre lo que no sabe vem a afirmar isso: 1º, que o abaixo-afirmante escreve "a pedido" (rogo que me diga, por favor, a pedido de quem, para poder passar-lhe a fatura: não esqueça de dar-me seu NIF); e 2º, que escrevo "do que não sei". Em tais condições meus artigos cairão inevitavelmente em abismos de obscuridade e estupidez.

Vejam vocês como está o pátio de lefebvrianos, filolefebvrianos e companheiros. E uma vez visto, vocês me dirão também se não era e é necessário dizer-lhes umas verdades: por amor à eles e por amor à Igreja. Mas não me poderão dizer vocês na caixa de comentários, já que nesta ocasião a deixo fechada. Estar dois ou três dias pendentes da moderação dos comentários é muito trabalhoso, e o que necessito agora é descanso, oração, reflexão, calma, sair da UCI depois de ser o epicentro de uma tormenta internética tão forte, e preparar cuidadosamente, com o favor de Deus, o Filo-lefebvrianos IV.

Acompanhe-me com sua oração.
José María Iraburu, sacerdote.

Fonte: Reforma o apostasía

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