"As obras de Suas mãos são verdade e justiça; Imutáveis os Seus preceitos; Irrevogáveis pelos séculos eternos; Instituídos com justiça e eqüidade." - Salmo 110, 7-8

domingo, 15 de junho de 2014

Domingo da Santíssima Trindade (Solenidade)

Pe. Guillermo Juan Morado, Homilia para a Solenidade da Santíssima Trindade (14/06/2014).


     "Bendito seja Deus Pai, e Seu Filho Unigênito, e o Espírito Santo, porque teve misericórdia de nós", proclama a liturgia. Celebrando a fé, reconhecemos e adoramos ao Pai como "a fonte e o fim de todas as bençãos da criação e da salvação: em Seu Verbo, encarnado, morto e ressuscitado por nós, nos cumula de bençãos e por Ele derrama em nossos corações o dom que contêm todos os dons: o Espírito Santo" (Catecismo 1082).

     Deus revela-se a Moisés como "compassivo e misericordioso, lento para a ira e rico em clemência e lealdade" (Ex 34, 6). Na misericórdia "se expressa a natureza de toda a peculiaridade de Deus: Sua santidade, o poder da verdade e do amor", ensina Bento XVI. Deus manifesta-Se como misericordioso, porque Ele é, em Si mesmo, Amor eterno e infinito. Por meio da Sua Igreja faz possível a comunhão entre os homens porque Ele é a comunhão perfeita, "comunhão de luz e de amor, vida doada e recebida em um diálogo eterno entre o Pai e o Filho no Espírito Santo", explica também o Papa.

     A natureza divina é única. Não há três deuses, mas um só Deus. Cada uma das Pessoas divinas é inteiramente o único Deus: "O Pai é o mesmo que é o Filho, o Filho o mesmo que Pai, o Pai e o Filho o mesmo que o Espírito Santo, a saber, um só Deus por natureza", diz o XI Concílio de Toledo. Sendo por essência o mesmo, Amor, cada Pessoa divina diferencia-se pela relação que a vincula às outras Pessoas; por um modo de amar próprio, poderíamos dizer assim. Como afirmava Ricardo São Vítor, cada Pessoa é o mesmo que Seu amor.

     O Pai é a Primeira Pessoa. Ama como Pai, doando à Si mesmo em um ato eterno e profundo de conhecimento e de amor. Deste modo gera ao Filho e espira o Espírito Santo. A Segunda Pessoa é o Filho, que recebe do Pai a vida e, com o Pai, a comunica ao Espírito Santo. O Espírito Santo é a Terceira Pessoa, que recebe e aceita o amor divino do Pai e do Filho.

     O amor e a vida de Deus foi comunicado aos homens pelo envio do Filho e do Espírito Santo: "Tanto amou Deus o mundo que entregou Seu Filho único, para que não pereça nenhum dos que crêem Nele, mas tenham a vida eterna. Porque Deus não mandou Seu Filho ao mundo para julgar o mundo, mas que o mundo salve-se por Ele" (Jo 3, 16-17). O Pai, enviando o Filho, estende, por assim dizer, Sua Paternidade para fazer-nos filhos adotivos pela graça. O Pai e o Filho enviam o Espírito Santo aos nossos corações como "Doce Hóspede da alma", fazendo que o vínculo de amor que une o Pai e o Filho abarque também à nós.

     Deus doa à Si mesmo dando-nos Seu amor, permitindo-nos entrar na intimidade de Sua vida. Na Eucaristia faz-se particularmente intensa essa doação: "O "mistério da fé" é mistério do amor trinitário, no qual, pela graça, estamos chamados a participar" (Bento XVI). Verdadeiramente, Deus nos cumula de Suas bençãos e nos permite oferecer o que Ele mesmo nos deu: "os dons de Sua Criação, o pão e o vinho, convertidos pelo poder do Espírito Santo e das palavras de Cristo, no Corpo e Sangue do mesmo Cristo" (Catecismo 1357).

     Que o Senhor nos transforme por meio deste Santíssimo Sacramento e nos faça habitar Nele, na unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

Nenhum comentário:

A autora

Minha foto
Filha da Santa Igreja Católica Apostólica Romana.