"As obras de Suas mãos são verdade e justiça; Imutáveis os Seus preceitos; Irrevogáveis pelos séculos eternos; Instituídos com justiça e eqüidade." - Salmo 110, 7-8

terça-feira, 20 de maio de 2014

Sem pecado concebida

   
Fonte: www.encyklo.pl

     O fundamento bíblico deste dogma de fé: a Beatíssima Virgem Maria foi preservada imune de toda mancha da culpa original no primeiro instante de Sua Concepção por singular graça e privilégio do Deus onipotente, em atenção aos méritos de Cristo.
     A Imaculada Conceição é um termo usado para referir-se ao nascimento de Maria isenta do Pecado Original. Este termo não se encontra na Bíblia, assim como o termo "Trindade" não está nas Escrituras. Os fundamentos deste ensinamento, no entanto, são totalmente bíblicos.

     Êxodo 25, 8-16: "Far-me-ão um santuário e habitarei no meio deles. Construireis o tabernáculo e todo seu mobiliário exatamente segundo o modelo que vou mostrar-vos. Farão uma arca de madeira de acácia; seu comprimento será de dois côvados e meio, sua largura de um côvado e meio, e sua altura de um côvado e meio. Tua a recobrirás de ouro puro por dentro, e farás por fora, em volta dela, uma bordadura de ouro. Fundirás para a arca quatro argolas de ouro, que porás nos seus quatro pés, duas de um lado e duas de outro. Farás dois varais de madeira de acácia, revestidos de ouro, que passarás nas argolas fixadas dos lados da arca, para se poder transportá-la. Uma vez passados os varais nas argolas, delas não serão mais removidos. Porás na arca o testemunho que eu te der."

     A Arca da Aliança foi preparada com grande esmero e cuidado, usando materiais virgens seguindo as expressas instruções de Deus. Como vimos nos capítulos anteriores, a Arca da Aliança é uma prefiguração de Maria. Deus não tem nenhum motivo para criar Maria com menos cuidado que aquela, Sua representação profética da antigüidade. Por isso temos a segurança que a graça de Deus se manifesta em sua plenitude em Maria, com a perfeição que a Arca antiga prefigura.

     Gênesis 1, 27: "Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a mulher."

     Eva, a primeira mulher, o arquétipo feminino do Antigo Testamento, foi criada sem Pecado Original. Assim também foi criada Maria, quem é o cumprimento completo desse modelo no Novo Testamento como a nova Eva. Maria tem uma importância muito maior que Eva na história da salvação e por isto Deus não lhe deu uma forma inferior à aquela primeira mulher. Não é possível que o cumprimento seja de menor qualidade que sua prefiguração. Tampouco pode-se pensar que a "nova arca" que daria vida humana ao profetizado Emanuel estivesse manchada pelo Pecado Original, sendo que seu modelo, a Arca do Pacto, foi construída com materiais preciosos e irrepreensíveis.

     Lucas 1, 26-28: "No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi e o nome da virgem era Maria. Entrando, o ano disse-lhe: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo."

     O anjo Gabriel louva Maria com sua saudação. A palavra grega original (kejaritomene) que se traduz ao castelhano como "cheia de graça", e ao latim como "gratia plena", significa literalmente "a que desde sempre esteve cheia de graça, a que hoje está cheia de graça e a que sempre estará cheia de graça", a saber, descreve a mulher que foi aperfeiçoada na graça. Esta saudação angelical não tem precedente nas Escrituras. Nunca um anjo havia honrado à alguém dessa maneira. São Gabriel não haveria usado essas palavras se Maria estivesse estado em um estado pecaminoso.

     Lucas 1, 45-49: "Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas! E Maria disse: Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador, porque olhou para sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, porque realizou em mim maravilhas Aquele que é poderoso e cujo nome é Santo."

     Maria descreve as bençãos que Deus lhe deu em forma especial e pessoal. Não fala em nome de toda humanidade ou em nome dos pecadores. Maria reconhece que Deus fez com Ela algo singular, único.

     Apocalipse 21, 27: "Nela não entrará nada de profano nem ninguém que pratique abominações e mentiras, mas unicamente aqueles cujos nomes estão inscritos no livro da vida do Cordeiro."

     Esta referência de São João à santidade da Jerusalém celestial é útil para entender que a vida humana de Jesus não pôde ter sido formada dentro de uma pessoa tocada pelo Pecado Original. Deus simplesmente não pode estar em comunhão com o pecado. Esta é justamente a razão pela qual os pecadores não podem entrar no céu.

     Romanos 3, 10-18 - Pois já demonstramos que tanto judeus como gregos estão sob o pecado, como diz a Escritura: "Não há nenhum justo, não há sequer um. Não há um só que tenha inteligência, um só que busque a Deus. Extraviaram-se todos e todos se perverteram. Não há quem faça o bem, não há sequer um. A sua garganta é um sepulcro aberto; com as suas línguas enganam; veneno de áspide está debaixo dos seus lábios. A sua boca está cheia de maldição e amargar. Os seus pés são velozes para derramar sangue. Há destruição e ruína nos seus caminhos, e não conhecem o caminho da paz. Não há temor a Deus diante dos seus olhos."

     Alguns utilizam uma parte desta passagem bíblica para intentar provar que todos os seres humanos pecaram, incluindo Maria. Mas basta uma leitura detida do contexto para dar-nos conta de que isto não pode ser interpretado universalmente. Primeiramente, se esta escritura é interpretada literalmente, devemos concluir que Jesus também foi um pecador e isso seria contraditório com o resto das Escrituras. O que sim sabemos é que São Paulo está referindo-se aos Salmos 14 e 53. No Salmo 53 encontramos uma reflexão sobre a insensatez de ignorar Deus:

     "Diz o insensato em seu coração: Não há Deus. Corromperam-se os homens, seu proceder é abominável, não há um só que pratique o bem. O Senhor, do alto do céu, observa os filhos dos homens para ver se, acaso, existe alguém sensato que busque a Deus. Todos eles, porém, se extraviaram e se perverteram; não há mais ninguém que faça o bem, nem um, nem mesmo um só. Não se emendarão esses obreiros do mal? Eles que devoram meu povo como quem come pão, não invocarão o Senhor? Foram tomados de terror, não havendo nada para temer. Porque Deus dispersou os ossos dos que te assediam; foram confundidos porque Deus os rejeitou. Ah, que venha de Sião a salvação de Israel! Quando Deus tiver mudado a sorte de seu povo, Jacó exultará e Israel se alegrará."

     É óbvio que o Apóstolo não tem mente ensinar que todo ser humano criado desde os tempos de Adão e Eva foi inteiramente depravado, tal como ensinaram alguns seguidores da Reforma. O salmista e o Apóstolo estão falando de "néscios" e "malvados" que espreitam o povo de Deus. É claro que estas passagens condenam certos malfeitores de forma específica por ser perseguidores dos justos que servem à Deus. É absurdo imaginar que São Paulo citou este texto com a intenção de mudar seu significado, distorcendo assim o sentido original da Escritura.

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