Do blog de Jorge Soley em Religión en Libertad
É a proposta que faz Giuseppe Tires desde a Nuova Bussola Quotidiana. O primeiro que me veio à cabeça foi, claro, Kasper sobre a comunhão aos divorciados, Galantino sobre os que rezam o Rosário diante dos centros abortistas e Schönborn felicitando à "Conchita Wurst".
Mas a argumentação de Tires é mais profunda e me parece muito mais sábia. Escreve o seguinte:
"Gostaria de fazer uma proposta simples: que os Bispos e Cardeais não dêem mais entrevistas de qualquer tipo, em qualquer jornal. Ao menos durante um certo tempo. Que se tomem um ano sabático. Nós, simples fiéis, necessitamos um "apagão", um período de silêncio midiático de nossos pastores, para recuperar-nos da confusão e do desconcerto. Não podemos mais.
Não é necessário que os Cardeais e Bispos falem de tudo, e constantemente, que se contradigam entre si, que se critiquem um ao outro na imprensa, expressando seus pontos de vista pessoais, que revelem questões sujeitas ao segredo, antecipando as conclusões de um Sínodo que todavia nem começou, que dêem juízos sobre isto ou outro, revelando qual será a próxima Encíclica do Papa com vazamentos, avanços, interpretações, advertências ou previsões. Nós fiéis ficamos desorientados.
O Cardeal Kasper está continuamente falando da comunhão dos divorciados e de outras mil questões, viaja pelo mundo dando conferências e concedendo entrevistas, como o líder de um partido que está disposto a batalhar no próximo Sínodo. O Cardeal Maradiaga criticou seu colega Müller não em uma conversa privada, mas nas páginas de Tegespost. Não poderia reunir-se com ele e ter uma conversa? Agora Dom Galantino confunde todos com frases no mínimo ambígüas e confusas. Dentro do pequeno grupo dos Cardeais encarregados da reforma da Cúria os comentários inoportunos são freqüentes. E trata-se de um grupo de Cardeais com uma enorme responsabilidade.
Todos já entendemos que entre os Cardeais há milhares de posições sobre os temas do próximo Sínodo. Nunca se havia visto tanta conversa antes de um Sínodo. Por quê não se calam e as coisas que tenham que dizer não as dizem no Sínodo? Ou por quê não se reúnem e dizem tudo o que têm que dizer à porta fechada? Os fiéis estão alarmados e muitos temem que esta conversa constante continue também depois do Sínodo. Não é um bom exemplo de responsabilidade. Nas coisas que eles tratam sem constrangimentos em suas entrevistas aos jornais os fiéis esforçam-se na vida. Logo, se diz, o Papa fará uma síntese. Mas também isto pode distorcer as coisas: como se o Papa fosse o que media entre as posições de uma confrontação e a verdade, que o Sínodo ensinará, fosse só o resultado de uma síntese dialética.
Neste último período os Bispos e Cardeais parecem políticos que se falam em códigos através dos jornais. Se criticam as declarações dos juízes que, se diz, deveriam falar só através de seus atos. Por quê não fazem o mesmo também os Bispos e Cardeais? Falem com declarações, com mensagens, com homilias e cartas pastorais, em definitivo, com atos de Magistério, não com quatro comentários improvisados em frente ao microfone de um jornalista. Que o façam ao menos por um tempo, para que possamos recuperar-nos de nosso atordoamento.
Haverá alguém que diz: mas isto não é o Magistério. De acordo, e então os pastores, ou seja, o Magistério, para que serve? O aumento de tanta conversa não ajuda, as pessoas nem sempre são capazes de distingüir, as manipulações estão à espreita, a inflação neutraliza a importância das intervenções, de modo que inclusive as intervenções verdadeiramente importantes se interpretarão como um rumor. Bispos e Cardeais devem falar pouco, embora só seja porque então, quando falam, o que dizem tem peso.
É surpreendente que, depois de haver constatado durante estes decênios quanto podem pesar as deformações que os meios lançam sobre as questões da fé - foram capazes de deformar todo um Concílio - concedam-se ainda entrevistas improvisadas para depois envolver-se em uma confusão de desmentidos quando o dano já é irreparável. Não se entende essa mania de aparecer homens de grande responsabilidade na Igreja, não se entende à quem ou o que querem provocar, não se entende esta rendição à lógica do mundo e do espetáculo.
Há algum tempo explodiu o caso Vatileaks, mas isto também é uma espécie de Vatileaks, um gotejo contínuo de indiscrições, ataques indiretos, ambigüidades, conceitos ao fio da navalha, afirmações e desmentidos. E quem suporta isto são os fiéis."
Qualquer um com um pouco de sentido comum se sentirá refletido nestes comentários. Oxalá estas palavras não caiam no vazio.
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