Fonte: Visão Cristã - 05/09/2011
Dom Henrique Soares da Costa |
Hoje, celebrando a santa Missa dominical, escutei, na Oração dos Fieis, uma prece que suplicava ao Senhor que a Igreja nunca mais excomungasse ninguém. Esta prece é totalmente contrária ao Evangelho! Temos aqui um bom exemplo daquela mentalidade tão difundida hoje em dia por certos cristãos que querem ser mais sábios que o próprio Senhor e mais misericordiosos que o próprio Cristo, misericórdia do Pai!
No Evangelho proclamado neste Domingo XXIII, o Senhor ordena claramente à sua Igreja (“dois ou três reunidos” em seu nome, com o poder de ligar e desligar) que se algum irmão não quiser escutar a Igreja e permanecer teimosamente no seu pecado, ferindo a fé e a caridade, seja "tratado como um pagão e como um pecador", isto é, como um estranho à comunidade. Várias vezes no Novo Testamento, os Apóstolos recomendam que aqueles que destroem a paz e a sã doutrina sejam afastados da comunhão visível da Igreja. No século I, a Didaqué orienta a que não se reintegre o irmão até que ele faça penitência pelo seu pecado. Eis! Toda a tradição cristã, inspirada pela própria obediência ao Senhor, praticou a excomunhão (isto é, tirar alguém da comunhão visível da Igreja até que se emende e volte ao caminho na verdadeira fé e na caridade; é isto e somente isto excomungar). Agora, os bonzinhos dos tempos atuais, mais sábios que aquele que é a Sabedoria de Deus, mais misericordiosos que o Salvador que é a própria Misericórdia do Pai, mais humanos que aquele que sendo Deus assumiu a nossa humanidade, fazendo-se o Amigo dos homens; esses mestres acima do Mestre e senhores acima do Senhor, desejam de modo unilateral reinterpretar o Evangelho! O resultado de uma mentalidade assim tem sido desastroso, como o de toda desobediência à Palavra do Senhor: a desordem, a insubordinação, a desobediência, a indisciplina, a impunidade em tantos setores da Igreja! Não faz muito, no seu livro “Luz do Mundo”, o Santo Padre Bento XVI mostrava como os casos de pedofilia em membros do clero aconteceram precisamente nos anos sessenta, quando era moda falar-se de numa misericórdia e num amor sem verdade e sem justiça! Sem repreensão, sem correção, sem punição não há amor verdadeiro, não há justiça, não há disciplina, não há crescimento, não há relacionamento comunitário verdadeiramente sadio!
Chega! É tempo de superar definitivamente o bom-mocismo, o discurso almofadinha e pouco verdadeiro, pouco realístico e falsamente evangélico! A Igreja não é o lugar do amor fácil e flácido, desfibrado e disforme! Amor e verdade se encontram, justiça e paz se abraçam na comunidade dos discípulos de Jesus! O verdadeiro amor é exigente, a verdadeira misericórdia corrige, a verdadeira justiça pune para fazer crescer e restaurar o bem da paz!
Caríssimo meu Leitor, nunca nos coloquemos acima de Jesus! Para os cristãos, para a santa Igreja, o que ele diz, o que ele ensina, o que ele exorta e determina é norma e lei inquestionáveis! Só ele é o Mestre, só ele é o Senhor, só ele é o nosso Deus bendito pelos séculos dos séculos! Amém.
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