Fonte: Revista Época - 04/04/2011 - Exemplar de assinante
Um ataque ao Clarín fica impune, e Chávez ganha prêmio de "liberdade de expressão".
Em mais um episódio de constrangimento da liberdade de imprensa na Argentina, um grupo de sindicalistas bloqueou os portões da gráfica do jornal Clarín e impediu a circulação da edição dominical de 27 de março. O motivo: havia ali uma reportagem sobre uma investigação judicial do patrimônio do ex-caminhoneiro Hugo Moyano, chefe da maior entidade sindical argentina e linha de frente do kirchnerismo. A Justiça havia obrigado o governo a impedir manifestações em frente à gráfica cujo objetivo fosse interromper a distribuição. Nada foi feito. Como protesto, na edição seguinte o Clarín deixou sua capa em branco. A queda de braço entre o governo e o jornal começou em 2008, quando o grupo que publica o Clarín assumiu posição contra a presidente Cristina Kirchner em uma disputa com ruralistas. Desde então, ela autorizou uma "invasão" de fiscais da Receita na sede da empresa, aprovou uma lei de mídia que restringe a atuação do grupo e tentou nacionalizar a companhia que produz papel-jornal no país. Dois dias depois do piquete no Clarín, a Universidade Nacional de La Plata (onde a presidente se formou, em Direito) elevou o grau de ofensa à mídia. A universidade, pública, deu ao presidente venezuelano, Hugo Chávez, um prêmio por sua "contribuição à liberdade de expressão, à comunicação popular e à democracia". A "contribuição" de Chávez foi fechar 240 rádios e sete emissoras de TV nos últimos anos - além de perseguir a Globovisón, única TV que ainda faz críticas a seu governo.
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