Fonte: Revista Época - 14/03/2011 - Exemplar de assinante
A história da fracassada tentativa de capturar um cônsul americano, nos tempos em que Fernando Pimentel se chamava "Jorge" e andava com uma 45
Luiz Maklouf Carvalho
Guerrilheiro, mesmo, daqueles que, nos tempos da ditadura, botaram as armas nas mãos, o Ministério da presidente Dilma Rousseff só tem um: Fernando Damata Pimentel, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Enquanto a presidente fez treinamento militar, mas não praticou ações armadas, Pimentel participou de duas, arrojadas, na linha de frente e com revólver e pistola na mão: o assalto bem-sucedido a um carro pagador, em Canoas, Rio Grande do Sul, no qual usou um revólver calibre 38, e a azarada tentativa de sequestro do cônsul americano Curtis Carly Cutter, em Porto Alegre, em que empunhou uma 45, respectivamente em março e abril de 1970. Tinha 18 anos na primeira, 19 na segunda. Atendia por “Jorge”, tinha 1,82 de magreza e altura e comandava uma unidade de combate da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). A VPR – tal como a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares), organização a que pertencia Dilma Roussef – era um grupo marxista-leninista. Defendia a derrubada violenta do governo militar e a implantação de um regime socialista. Hoje parece grandiloquente e retórico. Na ocasião, pelo menos para eles, e para a ditadura, não era brincadeira. Na tarde da última quinta-feira, em seu gabinete no 6o andar do MDIC, o ministro ouviu o que ÉPOCA levantou sobre sua participação na luta armada contra a ditadura. Fez pequenos acréscimos e correções, mas declinou de comentários pontuais. “São fatos que pertencem à história do Brasil. Quem tem que julgar são os meus pósteros”, afirmou. Disse, também, que não se arrepende de ter pegado em armas, mas que isso tem de ser visto na ótica de 40 anos atrás. “O Fernando era fraterno, ponderado, bonachão, amigo, bem gurizão e sabia o que queria”, disse, em Porto Alegre, numa conversa por telefone, o juiz militar aposentado João Carlos Bona Garcia. Ele tem 64 anos. É o único ex-guerrilheiro e preso político banido do Brasil que chegou à Justiça Militar. Quando tinha 21 anos, seu codinome na VPR era André. Na manhã do dia 2 de março de 1970, uma se-gunda-feira, ele e Jorge, o nosso hoje ministro, circulavam num Gordini, em Canoas, na Grande Porto Alegre. Seguiam um Fusca a serviço do Banco Brasul, de São Paulo. Em certo momento, o Gordini fechou o Fusca. André e Jorge desceram rapidamente e, armas apontadas, fizeram sair e deitar com as caras no chão o motorista, Gildo Sanches, e seu acompanhante, Zilton Costa Ferreira. Levaram quatro malotes com Cr$ 89.500,00 (equivalentes a cerca de R$ 415 mil, hoje), dinheiro do grupo Ultragás. “Eu estava com uma 45 e o Fernando com um 38”, contou Bona Garcia. Cabia-lhe render o motorista, mas este inicialmente resistiu, com um atrevido “não saio!”. O guerrilheiro disse: “Sai, se não vou ter de te matar”. Ele saiu. “O Fernando teve mais sorte, porque o dele saiu logo. Mas a ação foi um sucesso.” Sanches, subgerente do Brasul em Porto Alegre, disse à polícia que os dois assaltantes usavam um emplastro na altura do nariz e da boca. Ao volante do Gordini estava Irgeu João Menegon. Aos 65 anos, ele é hoje dono da Proletra, uma pequena gráfica em Porto Alegre. Sua “queda pela esquerda”, como diz, vem dos ventos brizolistas de 1961. Na VPR, integrou a Unidade de Combate Manoel Raimundo Soares (UC-MRS) – justo a de Fernando Pimentel. “Eu era o ladrão de carros da organização”, disse Menegon, fazendo questão de assinar o surrupio do Gordini – “era café com leite”, lembrou-se. “O Fernando era um guri muito calmo, com uma grande força de persuasão". “O Fernando era o comandante do meu grupo”, relembrou o engenheiro mecânico Luiz Carlos Dametto, outro integrante da UC-MRS. Seis anos mais velho que Pimentel, já era um militante tarimbado. Como oficial da reserva, tinha alguma experiência em armamento. Dametto assistiu à ação de Canoas em outro carro roubado, que dava segurança ao Gordini. Tinha uma metralhadora, que não precisou usar: “Deu tudo certo, porque foi bem planejado e bem executado”. No quase um ano de convivência com o camarada Jorge, Dametto só implicava com uma coisa: ele gostava de aparecer no “Joe’s”, um bar descolado no bairro chique Moinhos de Vento. “Nome americano em lugar burguês? Eu, muito radical, achava que era desvio ideológico.” Poucos meses mais velho que Pimentel, o advogado Antônio Carlos Araújo Chagas, de politizada família gaúcha, também começou nas hostes brizolistas. Quando o golpe veio, em 1964, foi daqueles que saíram às ruas dispostos à resistência. Tinha 13 anos. Com o AI-5, em dezembro de 1968, decidiu: “Vai ser no tiro, não tem outro caminho”. Migrou para a VPR. Faziam treinamento de tiro em Gramado. “Foi o Fernando que me ensinou a usar a 45”, disse. Moraram em um apartamento de dois quartos, mantido pela organização (um “aparelho”), com o também militante Reinholdo Amadeo Klement. “O grosso do nosso arsenal estava guardado lá”, disse Chagas. Vinha a ser, segundo sua memória: duas metralhadoras Ina, quatro pistolas Mauser, quatro revólveres 38, uma Smith Wes-son 45 e muita, muita munição. O hoje advogado Chagas lembra de um Jorge “alto, magro, muito espirituoso, determinado, atilado e aplicado”. Pimentel é mineiro de Belo Horizonte. Começou lá sua militância contra a ditadura, aos 16 anos, ainda secundarista. Pertenceu à mesma organização de Dilma Rousseff, a Colina (Comando de Libertação Nacional), ele na base, ela uns degraus acima. Tudo ia bem até a polícia invadir um aparelho da organização, na periferia de Belo Horizonte. Houve resistência. Um militante matou um policial e feriu outro. Com as prisões que se seguiram – e a tortura –, vários integrantes do Colina entraram na clandestinidade e saíram da cidade, Dilma Rousseff inclusive, com seu então marido, Cláudio Galeno Linhares. Pimentel, com 17, usou seu disfarce de imberbe para resgatar armas e dinheiro que ficaram em alguns aparelhos abandonados às pressas. Quando a repressão apertou o cerco, não houve clamor de pai ou de mãe que o fizesse desistir. Dona Geralda o encontrou duas vezes, já na clandestinidade: uma para ouvir que ia embora, outra para levar-lhe a mala com que chegou, de ônibus, ao Rio de Janeiro. Pimentel virou um “deslocado”, como eram chamados os militantes sem destino definido. Vivia em aparelhos e reuniões do Colina – e, nas horas vagas, que eram muitas, montava e desmontava armas, já conhecidas desde os treinamentos que fazia em Nova Lima, perto de Belo Horizonte. Ficou perito na pistola 45. No Rio, cruzou algumas vezes com Dilma e com seu segundo marido, Carlos Franklin Araújo, o Max. Foi de Max que recebeu a tarefa de mudar-se para Porto Alegre, e lá se integrar à organização, no caso já a VAR-Palmares, unificação do Colina e da VPR. Era maio de 1969. Chico, seu codinome na VAR, embarcou de ônibus, no frio. Em Porto Alegre, o militante que deveria encontrá-lo – cobrir o ponto, dizia-se – não apareceu. Sem outra forma de contato, voltou ao Rio. A mudança só deu certo numa outra viagem, semanas depois. Chico não estava satisfeito com a VAR. Considerava-a uma organização amorfa e sem determinação para a luta armada – caminho que ele então defendia, convictamente. Não caiu muito na conversa de Dilma Rousseff quando ela esteve em Porto Alegre discutindo as teses do futuro congresso da organização. Ela falava em priorizar o trabalho político, em detrimento do militar. Varou uma madrugada conver-sando com Chico, sem convencê-lo. Quando a VAR rachou, em seu primeiro e último congresso, Pimentel ficou com os militaristas da VPR. Dilma, com a VAR. A luta armada já abalara o país com dois bem-sucedidos sequestros de diplomatas – o do embaixador americano Charles Burcke Elbrick, no Rio de Janeiro, em setembro de 1969; e o do cônsul japonês em São Paulo, Nabuo Okuchi, em março de 1970. Em troca da liberdade dos reféns, 20 presos políticos foram soltos. Animada com o sequestro do japonês, a direção da VPR, no Rio de Janeiro, decidiu que os aguerridos militantes de Porto Alegre seriam capazes de façanha semelhante. Baixaram o centralismo, como se dizia, e o braço armado gaúcho começou a agir. Eles eram oito (sim, oito), em duas unidades de combate. Somando os que ajudavam na logística civil – mulheres que colaboravam no levantamento dos alvos, por exemplo – chegavam a 15. O carro pagador da Brasul foi a providência preliminar para a organização do sequestro. O alvo era chamado, internamente, de “Mr. CCC” – de Curtis Carly Cutter ou, piada pronta, Comando de Caça aos Comunistas. Ele tinha 42 anos, uma mulher alemã e seis filhos, passagem pela Guerra da Coreia e um forte sentimento anticomunista. Chegou a Porto Alegre em novembro de 1969 – dois meses depois do sequestro de seu colega Elbrick. Logo se aproximou do governo e do Exército. Cutter tem 82 anos, mora em Boston e abandonou a carreira diplomática para abrir uma empresa de consultoria. Em uma entrevista que concedeu em 1992 para a coleção de história oral da Association for Diplomatic Studies and Training, com sede em Virginia, ele contou que teve um motorista militar com quem conversava sobre o que fazer na hipótese de um sequestro. Ambos concordavam que o melhor era tentar reagir. Contou, também, que uma das escoltas policiais que teve em Porto Alegre era incompetente de dar dó. Uma vez, essa escolta perdeu-se dele – que teve de gastar algumas horas até encontrá-la. O carro de Cutter era uma enorme e imponente caminhonete Plymouth Fury. Os guerrilheiros da VPR cansaram de segui-lo durante o demorado levantamento que fizeram de sua vida, seus horários e hábitos. Como não achasse um novo Gordini, Irgeu Menegon afanou um Volkswagen azul – um “Fuca”, no linguajar dos gaúchos. Era o carro abre-alas do sequestro. Outro Volks o seguiria, como apoio. A ação começou na manhã de 4 de abril de 1970, um sábado. No Fusca azul, pilotado por Menegon, Pimentel sentou-se atrás, com o militante Gregório Mendonça, 14 anos mais velho e mais experiente que ele. Mendonça, o Fumaça, já tinha sido preso na tentativa de guerrilha de Caparaó, a primeira a assustar a ditadura. Solto, voltou à ativa. No banco da frente ia Felix Silveira Rosa Neto. No carro de apoio iam Chagas, Dametto e Reinholdo Amadeo Klement. Todos armados, com revólveres – o de Pimentel era uma pistola 45 – e metralhadoras. Os carros tinham armas de reserva, caso fosse preciso. No começo da tarde surgiu uma oportunidade. O Plymouth entrara numa garagem, eles se organizaram para fechá-la na saída. Pimentel, Neto e Mendonça já estavam fora do carro, armas em punho, só esperando Menegon fechar o carro consular para atacar e levar o diplomata americano. Mas, quase na hora H, Pimentel pensou ter visto crianças no Plymouth e deu sinais para abortar a ação. Mais de perto, eles viram que Pimentel se enganara, mas já era tarde. “Foi uma oportunidade incrível, mas a perdemos”, disse, ainda algo desolado, o aposentado Gregório Mendonça, de 75 anos. Dametto, que estava no carro de apoio, achou que aquele primeiro fracasso encerrava o dia, e foi liberado. Mas os dois Fuscas continuaram a seguir o Plymouth. A tantas, o carro de apoio perdeu-se de Menegon – que mesmo assim continuou a procura. Já noite alta daquele sábado, quase madrugada do domingo, o Plymouth que o cônsul dirigia entrou na Rua Vasco da Gama, erma àquela hora. Quando ia chegar à esquina da Rua Miguel Tostes, o Fusca azul o fechou, parcialmente, pelo lado do passageiro. O para-lama traseiro direito do Volks tocava no para-lama dianteiro esquerdo da caminhonete. Três mascarados desceram: Felix Rosa Neto primeiro, com uma 45. Mendonça foi o segundo, com uma metralhadora. E finalmente Pimentel, com a sua 45. Nesse momento, Cutter acelerou o Plymouth contra o Fusca, e atingiu Pimentel. Ele caiu sobre o capô, resvalou para o lado direito e viu a roda da caminhonete passar, em baixa velocidade, por cima de seu tornozelo direito. Nessa fração de segundos, quando o Plymouth começava a fuga, Rosa Neto atirou e acertou o cônsul no ombro. Na entrevista citada – cuja íntegra está disponível na internet –, Cutter contou que voltava de um jantar, com a mulher, no banco da frente, e um amigo banqueiro, Hovey Clark, sentado atrás. Achou inicialmente que fosse uma batida trivial. Só se assustou quando viu os mascarados armados. “No minuto em que vi aqueles caras saltando com as armas, pus meu pé no acelerador”, disse. “Minha mulher diz que eu apenas falei: ‘Aqui vamos nós’. E ela e Clark sabiamente se jogaram no chão do carro. Eu consegui atingir o último a sair do carro, empurrando-o para cima do capô. Ele ficou lá deitado, com a arma, por alguns segundos, e então bati na frente do carro deles, tirando-o do meu caminho, e fugi. O líder do grupo – o único a carregar uma pistola – impediu que outro terrorista metralhasse o carro. Ele mirou com cuidado para a traseira do carro e disparou. Um dos tiros me acertou no ombro e eu bati contra o volante. Minha mulher me perguntou o que estava errado quando me viu ir para a frente daquele jeito. Ela disse que tudo o que eu disse foi: ‘M..., fui atingido’.” (Pimentel confirmou que um grito de Rosa Neto conteve a metralhadora de Gregório Mendonça.) O cônsul continuou dirigindo e conseguiu chegar à residência oficial, onde dois policiais deveriam estar de guarda. Deveriam. Naquela noite, nem com insistentes buzinadas acordaram. “Felizmente os terroristas não continuaram a me seguir. Se isso tivesse acontecido, estaríamos em sérios apuros.” Haviam parado para cuidar dos próprios ferimentos, provavelmente. Para cuidar dos seus, o cônsul chamou uma ambulância, que não veio. Tentou ir para um hospital de bairro, que não o atendeu. E só no Hospital Municipal de Porto Alegre conseguiu tratamento. Ainda zonzo com a batida, e com as dores na perna direita – que não quebrou, mas até hoje lhe traz sequelas –, Pimentel levantou-se e, mancando, acompanhou a fuga atabalhoada dos companheiros. A clandestinidade não permitia ir a hospitais. Como os outros, ele foi recuperar-se no aparelho em que morava. Felix Rosa Neto foi o primeiro a ser preso, uma semana depois. Pimentel foi o segundo. Ele foi cobrir um ponto com Rosa Neto, que não apareceu. Tentou um segundo ponto, e nada. Acabou cometendo a imprudência de ir ao apartamento residencial de Neto. O policial de plantão deu-lhe voz de prisão. Pimentel engalfinhou-se com ele, querendo tomar-lhe a arma. Ela disparou perto de sua mão, e ele se afastou. Com um segundo tiro, que quase lhe acerta o rosto, o guerrilheiro finalmente foi preso. Foi o destino de todos, e a tortura não poupou ninguém. Pimentel passou por várias sessões de choque, em três momentos diferentes. E apanhou muito de palmatória. “Fomos acareados no Dops”, disse Bona Garcia, ainda algo chateado por não ter participado do sequestro, por estar com um braço machucado. “O Fernando estava com a cara toda roxa, de tanto apanhar.” Felix Neto e Irgeu Menegon tentaram o suicídio mais de uma vez. A tortura fez com que Menegon e Reinholdo Klement aceitassem o papel de arrependidos e fossem à televisão renegar a militância. “Até hoje sofro com isso” (Que dó dos comunistinhas...tsc tsc), disse Menegon. “Eu apanhei muito, muito” (Deveria ter apanhado mais!), disse o ministro Pimentel num momento de guarda baixa. Ele se orgulha de não ter aberto o aparelho que guardava o arsenal da organização. “A tortura é a experiência mais terrível que o ser humano pode passar. Confronta você com todos os seus fantasmas. É o momento de solidão mais profundo. Você está sozinho, ninguém vai te salvar. Por isso é um crime contra a humanidade.” Na entrevista de 1992, Cutter contou que a tentativa de sequestro – e, especialmente, sua reação – fez com que ganhasse a confiança da polícia e do Exército. Foi levado a uma espécie de tour pelas salas de tortura e chegou a ver seus sequestradores na prisão, com a proteção de uma sala de reconhecimento. Ele disse que, antes de deixar o Brasil, enviou relatórios à embaixada americana no Rio de Janeiro confirmando a existência de violações graves aos direitos humanos em Porto Alegre. Disse também ter ouvido, dos guardas que faziam sua segurança pessoal, relatos tão detalhados de técnicas de tortura que não pareciam mera imaginação. Cutter nunca soube se essas informações chegaram a Washington: “Tudo o que posso dizer é que, sobre a violação de direitos humanos, os fatos eram claros”. Leia a entrevista (em inglês) com o ex-cônsul Curtis Carly CutterLeia a entrevista (em inglês) com o ex-cônsul Curtis Carly Cutter O professor doutor Fábio Chagas, da Universidade de Formiga (Unifor), em Minas Gerais, fez seu doutorado, na Universidade Federal Fluminense, sobre os Anos de Chumbo no Rio Grande do Sul. Chama-se A luta armada gaúcha contra a ditadura militar nos anos 1960-70. Por e-mail, Chagas disse: “A ação de captura do cônsul americano em Porto Alegre foi um equívoco, pois as organizações gaúchas não se encontravam preparadas para enfrentar o esquema de repressão que acabou se estruturando por aquelas terras”. O ministro Pimentel se irrita um pouco quando ouve comentários desairosos sobre os azares da ação de sequestro – entre eles o de que o grande problema operacional foi jogar o pequeno Fusca contra o gigante Plymouth Fury. “É bom lembrar que o sequestro do Elbrick e do cônsul japonês foram feitos com Fuscas”, disse. “O problema é que nós planejamos mal, demos muito azar e, mais grave que tudo, tivemos o diferencial do cara ter reagido, o que era absolutamente inusual.” “E se o senhor se encontrasse com o cônsul nos dias de hoje?” O ministro respondeu: “Eu teria imensa alegria em conversar com ele, que afinal foi uma pessoa que mudou radicalmente a minha vida. Pode ser uma conversa muito agradável”.
A história da fracassada tentativa de capturar um cônsul americano, nos tempos em que Fernando Pimentel se chamava "Jorge" e andava com uma 45
Luiz Maklouf Carvalho
Guerrilheiro, mesmo, daqueles que, nos tempos da ditadura, botaram as armas nas mãos, o Ministério da presidente Dilma Rousseff só tem um: Fernando Damata Pimentel, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Enquanto a presidente fez treinamento militar, mas não praticou ações armadas, Pimentel participou de duas, arrojadas, na linha de frente e com revólver e pistola na mão: o assalto bem-sucedido a um carro pagador, em Canoas, Rio Grande do Sul, no qual usou um revólver calibre 38, e a azarada tentativa de sequestro do cônsul americano Curtis Carly Cutter, em Porto Alegre, em que empunhou uma 45, respectivamente em março e abril de 1970. Tinha 18 anos na primeira, 19 na segunda. Atendia por “Jorge”, tinha 1,82 de magreza e altura e comandava uma unidade de combate da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). A VPR – tal como a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares), organização a que pertencia Dilma Roussef – era um grupo marxista-leninista. Defendia a derrubada violenta do governo militar e a implantação de um regime socialista. Hoje parece grandiloquente e retórico. Na ocasião, pelo menos para eles, e para a ditadura, não era brincadeira. Na tarde da última quinta-feira, em seu gabinete no 6o andar do MDIC, o ministro ouviu o que ÉPOCA levantou sobre sua participação na luta armada contra a ditadura. Fez pequenos acréscimos e correções, mas declinou de comentários pontuais. “São fatos que pertencem à história do Brasil. Quem tem que julgar são os meus pósteros”, afirmou. Disse, também, que não se arrepende de ter pegado em armas, mas que isso tem de ser visto na ótica de 40 anos atrás. “O Fernando era fraterno, ponderado, bonachão, amigo, bem gurizão e sabia o que queria”, disse, em Porto Alegre, numa conversa por telefone, o juiz militar aposentado João Carlos Bona Garcia. Ele tem 64 anos. É o único ex-guerrilheiro e preso político banido do Brasil que chegou à Justiça Militar. Quando tinha 21 anos, seu codinome na VPR era André. Na manhã do dia 2 de março de 1970, uma se-gunda-feira, ele e Jorge, o nosso hoje ministro, circulavam num Gordini, em Canoas, na Grande Porto Alegre. Seguiam um Fusca a serviço do Banco Brasul, de São Paulo. Em certo momento, o Gordini fechou o Fusca. André e Jorge desceram rapidamente e, armas apontadas, fizeram sair e deitar com as caras no chão o motorista, Gildo Sanches, e seu acompanhante, Zilton Costa Ferreira. Levaram quatro malotes com Cr$ 89.500,00 (equivalentes a cerca de R$ 415 mil, hoje), dinheiro do grupo Ultragás. “Eu estava com uma 45 e o Fernando com um 38”, contou Bona Garcia. Cabia-lhe render o motorista, mas este inicialmente resistiu, com um atrevido “não saio!”. O guerrilheiro disse: “Sai, se não vou ter de te matar”. Ele saiu. “O Fernando teve mais sorte, porque o dele saiu logo. Mas a ação foi um sucesso.” Sanches, subgerente do Brasul em Porto Alegre, disse à polícia que os dois assaltantes usavam um emplastro na altura do nariz e da boca. Ao volante do Gordini estava Irgeu João Menegon. Aos 65 anos, ele é hoje dono da Proletra, uma pequena gráfica em Porto Alegre. Sua “queda pela esquerda”, como diz, vem dos ventos brizolistas de 1961. Na VPR, integrou a Unidade de Combate Manoel Raimundo Soares (UC-MRS) – justo a de Fernando Pimentel. “Eu era o ladrão de carros da organização”, disse Menegon, fazendo questão de assinar o surrupio do Gordini – “era café com leite”, lembrou-se. “O Fernando era um guri muito calmo, com uma grande força de persuasão". “O Fernando era o comandante do meu grupo”, relembrou o engenheiro mecânico Luiz Carlos Dametto, outro integrante da UC-MRS. Seis anos mais velho que Pimentel, já era um militante tarimbado. Como oficial da reserva, tinha alguma experiência em armamento. Dametto assistiu à ação de Canoas em outro carro roubado, que dava segurança ao Gordini. Tinha uma metralhadora, que não precisou usar: “Deu tudo certo, porque foi bem planejado e bem executado”. No quase um ano de convivência com o camarada Jorge, Dametto só implicava com uma coisa: ele gostava de aparecer no “Joe’s”, um bar descolado no bairro chique Moinhos de Vento. “Nome americano em lugar burguês? Eu, muito radical, achava que era desvio ideológico.” Poucos meses mais velho que Pimentel, o advogado Antônio Carlos Araújo Chagas, de politizada família gaúcha, também começou nas hostes brizolistas. Quando o golpe veio, em 1964, foi daqueles que saíram às ruas dispostos à resistência. Tinha 13 anos. Com o AI-5, em dezembro de 1968, decidiu: “Vai ser no tiro, não tem outro caminho”. Migrou para a VPR. Faziam treinamento de tiro em Gramado. “Foi o Fernando que me ensinou a usar a 45”, disse. Moraram em um apartamento de dois quartos, mantido pela organização (um “aparelho”), com o também militante Reinholdo Amadeo Klement. “O grosso do nosso arsenal estava guardado lá”, disse Chagas. Vinha a ser, segundo sua memória: duas metralhadoras Ina, quatro pistolas Mauser, quatro revólveres 38, uma Smith Wes-son 45 e muita, muita munição. O hoje advogado Chagas lembra de um Jorge “alto, magro, muito espirituoso, determinado, atilado e aplicado”. Pimentel é mineiro de Belo Horizonte. Começou lá sua militância contra a ditadura, aos 16 anos, ainda secundarista. Pertenceu à mesma organização de Dilma Rousseff, a Colina (Comando de Libertação Nacional), ele na base, ela uns degraus acima. Tudo ia bem até a polícia invadir um aparelho da organização, na periferia de Belo Horizonte. Houve resistência. Um militante matou um policial e feriu outro. Com as prisões que se seguiram – e a tortura –, vários integrantes do Colina entraram na clandestinidade e saíram da cidade, Dilma Rousseff inclusive, com seu então marido, Cláudio Galeno Linhares. Pimentel, com 17, usou seu disfarce de imberbe para resgatar armas e dinheiro que ficaram em alguns aparelhos abandonados às pressas. Quando a repressão apertou o cerco, não houve clamor de pai ou de mãe que o fizesse desistir. Dona Geralda o encontrou duas vezes, já na clandestinidade: uma para ouvir que ia embora, outra para levar-lhe a mala com que chegou, de ônibus, ao Rio de Janeiro. Pimentel virou um “deslocado”, como eram chamados os militantes sem destino definido. Vivia em aparelhos e reuniões do Colina – e, nas horas vagas, que eram muitas, montava e desmontava armas, já conhecidas desde os treinamentos que fazia em Nova Lima, perto de Belo Horizonte. Ficou perito na pistola 45. No Rio, cruzou algumas vezes com Dilma e com seu segundo marido, Carlos Franklin Araújo, o Max. Foi de Max que recebeu a tarefa de mudar-se para Porto Alegre, e lá se integrar à organização, no caso já a VAR-Palmares, unificação do Colina e da VPR. Era maio de 1969. Chico, seu codinome na VAR, embarcou de ônibus, no frio. Em Porto Alegre, o militante que deveria encontrá-lo – cobrir o ponto, dizia-se – não apareceu. Sem outra forma de contato, voltou ao Rio. A mudança só deu certo numa outra viagem, semanas depois. Chico não estava satisfeito com a VAR. Considerava-a uma organização amorfa e sem determinação para a luta armada – caminho que ele então defendia, convictamente. Não caiu muito na conversa de Dilma Rousseff quando ela esteve em Porto Alegre discutindo as teses do futuro congresso da organização. Ela falava em priorizar o trabalho político, em detrimento do militar. Varou uma madrugada conver-sando com Chico, sem convencê-lo. Quando a VAR rachou, em seu primeiro e último congresso, Pimentel ficou com os militaristas da VPR. Dilma, com a VAR. A luta armada já abalara o país com dois bem-sucedidos sequestros de diplomatas – o do embaixador americano Charles Burcke Elbrick, no Rio de Janeiro, em setembro de 1969; e o do cônsul japonês em São Paulo, Nabuo Okuchi, em março de 1970. Em troca da liberdade dos reféns, 20 presos políticos foram soltos. Animada com o sequestro do japonês, a direção da VPR, no Rio de Janeiro, decidiu que os aguerridos militantes de Porto Alegre seriam capazes de façanha semelhante. Baixaram o centralismo, como se dizia, e o braço armado gaúcho começou a agir. Eles eram oito (sim, oito), em duas unidades de combate. Somando os que ajudavam na logística civil – mulheres que colaboravam no levantamento dos alvos, por exemplo – chegavam a 15. O carro pagador da Brasul foi a providência preliminar para a organização do sequestro. O alvo era chamado, internamente, de “Mr. CCC” – de Curtis Carly Cutter ou, piada pronta, Comando de Caça aos Comunistas. Ele tinha 42 anos, uma mulher alemã e seis filhos, passagem pela Guerra da Coreia e um forte sentimento anticomunista. Chegou a Porto Alegre em novembro de 1969 – dois meses depois do sequestro de seu colega Elbrick. Logo se aproximou do governo e do Exército. Cutter tem 82 anos, mora em Boston e abandonou a carreira diplomática para abrir uma empresa de consultoria. Em uma entrevista que concedeu em 1992 para a coleção de história oral da Association for Diplomatic Studies and Training, com sede em Virginia, ele contou que teve um motorista militar com quem conversava sobre o que fazer na hipótese de um sequestro. Ambos concordavam que o melhor era tentar reagir. Contou, também, que uma das escoltas policiais que teve em Porto Alegre era incompetente de dar dó. Uma vez, essa escolta perdeu-se dele – que teve de gastar algumas horas até encontrá-la. O carro de Cutter era uma enorme e imponente caminhonete Plymouth Fury. Os guerrilheiros da VPR cansaram de segui-lo durante o demorado levantamento que fizeram de sua vida, seus horários e hábitos. Como não achasse um novo Gordini, Irgeu Menegon afanou um Volkswagen azul – um “Fuca”, no linguajar dos gaúchos. Era o carro abre-alas do sequestro. Outro Volks o seguiria, como apoio. A ação começou na manhã de 4 de abril de 1970, um sábado. No Fusca azul, pilotado por Menegon, Pimentel sentou-se atrás, com o militante Gregório Mendonça, 14 anos mais velho e mais experiente que ele. Mendonça, o Fumaça, já tinha sido preso na tentativa de guerrilha de Caparaó, a primeira a assustar a ditadura. Solto, voltou à ativa. No banco da frente ia Felix Silveira Rosa Neto. No carro de apoio iam Chagas, Dametto e Reinholdo Amadeo Klement. Todos armados, com revólveres – o de Pimentel era uma pistola 45 – e metralhadoras. Os carros tinham armas de reserva, caso fosse preciso. No começo da tarde surgiu uma oportunidade. O Plymouth entrara numa garagem, eles se organizaram para fechá-la na saída. Pimentel, Neto e Mendonça já estavam fora do carro, armas em punho, só esperando Menegon fechar o carro consular para atacar e levar o diplomata americano. Mas, quase na hora H, Pimentel pensou ter visto crianças no Plymouth e deu sinais para abortar a ação. Mais de perto, eles viram que Pimentel se enganara, mas já era tarde. “Foi uma oportunidade incrível, mas a perdemos”, disse, ainda algo desolado, o aposentado Gregório Mendonça, de 75 anos. Dametto, que estava no carro de apoio, achou que aquele primeiro fracasso encerrava o dia, e foi liberado. Mas os dois Fuscas continuaram a seguir o Plymouth. A tantas, o carro de apoio perdeu-se de Menegon – que mesmo assim continuou a procura. Já noite alta daquele sábado, quase madrugada do domingo, o Plymouth que o cônsul dirigia entrou na Rua Vasco da Gama, erma àquela hora. Quando ia chegar à esquina da Rua Miguel Tostes, o Fusca azul o fechou, parcialmente, pelo lado do passageiro. O para-lama traseiro direito do Volks tocava no para-lama dianteiro esquerdo da caminhonete. Três mascarados desceram: Felix Rosa Neto primeiro, com uma 45. Mendonça foi o segundo, com uma metralhadora. E finalmente Pimentel, com a sua 45. Nesse momento, Cutter acelerou o Plymouth contra o Fusca, e atingiu Pimentel. Ele caiu sobre o capô, resvalou para o lado direito e viu a roda da caminhonete passar, em baixa velocidade, por cima de seu tornozelo direito. Nessa fração de segundos, quando o Plymouth começava a fuga, Rosa Neto atirou e acertou o cônsul no ombro. Na entrevista citada – cuja íntegra está disponível na internet –, Cutter contou que voltava de um jantar, com a mulher, no banco da frente, e um amigo banqueiro, Hovey Clark, sentado atrás. Achou inicialmente que fosse uma batida trivial. Só se assustou quando viu os mascarados armados. “No minuto em que vi aqueles caras saltando com as armas, pus meu pé no acelerador”, disse. “Minha mulher diz que eu apenas falei: ‘Aqui vamos nós’. E ela e Clark sabiamente se jogaram no chão do carro. Eu consegui atingir o último a sair do carro, empurrando-o para cima do capô. Ele ficou lá deitado, com a arma, por alguns segundos, e então bati na frente do carro deles, tirando-o do meu caminho, e fugi. O líder do grupo – o único a carregar uma pistola – impediu que outro terrorista metralhasse o carro. Ele mirou com cuidado para a traseira do carro e disparou. Um dos tiros me acertou no ombro e eu bati contra o volante. Minha mulher me perguntou o que estava errado quando me viu ir para a frente daquele jeito. Ela disse que tudo o que eu disse foi: ‘M..., fui atingido’.” (Pimentel confirmou que um grito de Rosa Neto conteve a metralhadora de Gregório Mendonça.) O cônsul continuou dirigindo e conseguiu chegar à residência oficial, onde dois policiais deveriam estar de guarda. Deveriam. Naquela noite, nem com insistentes buzinadas acordaram. “Felizmente os terroristas não continuaram a me seguir. Se isso tivesse acontecido, estaríamos em sérios apuros.” Haviam parado para cuidar dos próprios ferimentos, provavelmente. Para cuidar dos seus, o cônsul chamou uma ambulância, que não veio. Tentou ir para um hospital de bairro, que não o atendeu. E só no Hospital Municipal de Porto Alegre conseguiu tratamento. Ainda zonzo com a batida, e com as dores na perna direita – que não quebrou, mas até hoje lhe traz sequelas –, Pimentel levantou-se e, mancando, acompanhou a fuga atabalhoada dos companheiros. A clandestinidade não permitia ir a hospitais. Como os outros, ele foi recuperar-se no aparelho em que morava. Felix Rosa Neto foi o primeiro a ser preso, uma semana depois. Pimentel foi o segundo. Ele foi cobrir um ponto com Rosa Neto, que não apareceu. Tentou um segundo ponto, e nada. Acabou cometendo a imprudência de ir ao apartamento residencial de Neto. O policial de plantão deu-lhe voz de prisão. Pimentel engalfinhou-se com ele, querendo tomar-lhe a arma. Ela disparou perto de sua mão, e ele se afastou. Com um segundo tiro, que quase lhe acerta o rosto, o guerrilheiro finalmente foi preso. Foi o destino de todos, e a tortura não poupou ninguém. Pimentel passou por várias sessões de choque, em três momentos diferentes. E apanhou muito de palmatória. “Fomos acareados no Dops”, disse Bona Garcia, ainda algo chateado por não ter participado do sequestro, por estar com um braço machucado. “O Fernando estava com a cara toda roxa, de tanto apanhar.” Felix Neto e Irgeu Menegon tentaram o suicídio mais de uma vez. A tortura fez com que Menegon e Reinholdo Klement aceitassem o papel de arrependidos e fossem à televisão renegar a militância. “Até hoje sofro com isso” (Que dó dos comunistinhas...tsc tsc), disse Menegon. “Eu apanhei muito, muito” (Deveria ter apanhado mais!), disse o ministro Pimentel num momento de guarda baixa. Ele se orgulha de não ter aberto o aparelho que guardava o arsenal da organização. “A tortura é a experiência mais terrível que o ser humano pode passar. Confronta você com todos os seus fantasmas. É o momento de solidão mais profundo. Você está sozinho, ninguém vai te salvar. Por isso é um crime contra a humanidade.” Na entrevista de 1992, Cutter contou que a tentativa de sequestro – e, especialmente, sua reação – fez com que ganhasse a confiança da polícia e do Exército. Foi levado a uma espécie de tour pelas salas de tortura e chegou a ver seus sequestradores na prisão, com a proteção de uma sala de reconhecimento. Ele disse que, antes de deixar o Brasil, enviou relatórios à embaixada americana no Rio de Janeiro confirmando a existência de violações graves aos direitos humanos em Porto Alegre. Disse também ter ouvido, dos guardas que faziam sua segurança pessoal, relatos tão detalhados de técnicas de tortura que não pareciam mera imaginação. Cutter nunca soube se essas informações chegaram a Washington: “Tudo o que posso dizer é que, sobre a violação de direitos humanos, os fatos eram claros”. Leia a entrevista (em inglês) com o ex-cônsul Curtis Carly CutterLeia a entrevista (em inglês) com o ex-cônsul Curtis Carly Cutter O professor doutor Fábio Chagas, da Universidade de Formiga (Unifor), em Minas Gerais, fez seu doutorado, na Universidade Federal Fluminense, sobre os Anos de Chumbo no Rio Grande do Sul. Chama-se A luta armada gaúcha contra a ditadura militar nos anos 1960-70. Por e-mail, Chagas disse: “A ação de captura do cônsul americano em Porto Alegre foi um equívoco, pois as organizações gaúchas não se encontravam preparadas para enfrentar o esquema de repressão que acabou se estruturando por aquelas terras”. O ministro Pimentel se irrita um pouco quando ouve comentários desairosos sobre os azares da ação de sequestro – entre eles o de que o grande problema operacional foi jogar o pequeno Fusca contra o gigante Plymouth Fury. “É bom lembrar que o sequestro do Elbrick e do cônsul japonês foram feitos com Fuscas”, disse. “O problema é que nós planejamos mal, demos muito azar e, mais grave que tudo, tivemos o diferencial do cara ter reagido, o que era absolutamente inusual.” “E se o senhor se encontrasse com o cônsul nos dias de hoje?” O ministro respondeu: “Eu teria imensa alegria em conversar com ele, que afinal foi uma pessoa que mudou radicalmente a minha vida. Pode ser uma conversa muito agradável”.
2 comentários:
Parabéns pelo seu blog, com excelentes compartilhamentos. Grato pelo seguimento de Catolicismo Inteligente. No momento meus artigos são mensais e costumo editar o texto já publicado nos primeiros dias.
Deus lhe abençoe e aos seus familiares, amigos e leitores.
Reverendíssimo Pe.,
Não me agradeça. Faço-o, pois és sacerdote de Cristo, e quero aprender com vós.
Despeço-me pedindo sua benção!
Ad Jesum per Mariam,
Sara Rozante
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