"As obras de Suas mãos são verdade e justiça; Imutáveis os Seus preceitos; Irrevogáveis pelos séculos eternos; Instituídos com justiça e eqüidade." - Salmo 110, 7-8

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Medvedev denuncia expurgos stalinistas e apela por memória

AFP

"O presidente russo, Dmitri Medvedev, considerou, nesta sexta-feira, que nenhuma razão de Estado poderia justificar milhões de vítimas dos expurgos stalinistas, numa rara condenação ao ditador soviético, ainda venerado na Rússia.

"Nada pode estar acima da vida humana. Nada pode justificar as repressões", declarou Medvedev em seu blog no dia dedicado, na Rússia, à memória das vítimas de repressões políticas.

O chefe de Estado considerou que as horas sombrias da URSS devem fazer parte da memória coletiva como a Vitória de 1945, um dos pedestais do sentimento nacional russo.

"A memória das tragédias nacionais é tão sagrada quanto as das vitórias", disse ele. "É muito importante que os jovens (...) sejam capazes de compatilhar sentimentos sobre uma das maiores tragédias da História russa".

Milhões de pessoas foram mortas durante a coletivização forçada e os expurgos que acompanharam a ascensão de Joseph Stalin nos anos 1920 e 1930.

"Há os que dizem que tudo seria justificado por objetivos supremos de Estado (..) Mas nenhum desenvolvimento, nenhum sucesso, nenhuma ambição podem ser conseguidos ao preço da amargura e das perdas humanas", martelou o presidente.

A ONG russa Memorial saudou esta tomada de posição do Kremlin, mostrando-se circunspecta, enquanto o público continua, antes de tudo, a ver Stalin como o salvador da Pátria e o artesão da vitória sobre a Alemanha nazista em 1941-45.

"O que Medvedev disse é importante e necessário. Resta saber se outros vão reagir e ir adiante. No momento, não podemos esperar senão ações concretas", declarou o diretor da Memorial, Arseni Roguinski.

Sinal de que muito ainda resta a fazer, apenas 500 pessoas se reuniram nesta sexta-feira diante da sede do FSB (ex-KGB) para prestar homenagem às vítimas. Também não eram mais numerosas na véspera, durante manifestação semelhante a convite da Memorial.

Em 2007, o presidente na época, Vladimir Putin, ele mesmo um ex-agente da KGB, somou-se, pela primeira vez, às solenidades de lembrança das vítimas das repressões na URSS.

Putin, que foi a um dos locais de execuções maciças de 1937-38, havia, então, denunciado "tragédias" desencadeadas por ideais "vazios de sentido" fazendo um apelo "a fazer alguma coisa para que isto não fosse jamais esquecido".

Para o dirigente da Memorial, o essencial é proceder à "desestalinização" da sociedade russa. "Sem isto, a construção de um futuro normal não é possível".

Vinte anos após o desaparecimento da URSS, os monumentos às vítimas das repressões stalinistas são raros na Rússia e os livros escolares silenciam sobre esta página da História."

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