terça-feira, 7 de outubro de 2014
Fecundação assistida? A "napro" é um método mais eficaz, econômico e "católicamente correto"
Seu índice de êxito é o dobro em comparação à fecundação assistida por porcentagem de nascimentos de casais que seguem os tratamentos, e custa onze vezes menos, mas é realizada por poucos médicos em todo o mundo, está boicotada pelos lobbys da proveta e é ignorada pelos sistemas de saúde nacionais.
A naprotecnologia nasceu nos Estados Unidos e chegou à Europa há alguns anos, mas segue enfrentando um prejuízo que a considera um enfoque confessional, ao invés de medicinal, condicionado por dogmas religiosos. Nada mais longe da realidade. É verdade que a prática da naprotecnologia é rigorosamente conforme à bioética católica; mas se demonstrou que seu enfoque do problema da esterilidade é científica e clinicamente mais rigoroso do que se pratica no âmbito da fecundação assistida. E por isto é também mais eficaz: confirmam as estatísticas.
Diferença entre uma e outra
"A diferença entre a naprotecnologia e a fecundação in vitro consiste no fato de que na primeira a questão fundamental é o diagnóstico das causas de infertilidade, se busca uma explicação médica do porquê um casal não consegue procriar e, portanto, intenta-se eliminar o problema e "ajustar" o mecanismo natural, voltando a dar-lhe harmonia", explica Phill Boyle, ginecologista irlandês que concede, em uma clínica de Galway, os cursos de formação em naprotecnologia para médicos de toda Europa.
"No procedimento in vitro, por sua vez, o diagnóstico das causas não tem importância, os médicos querem simplesmente "burlar o obstáculo", levando à cabo uma fecundação artificial. Na naprotecnologia, o tratamento resolve o problema do casal, que depois pode ter outros filhos. No entanto, com o método in vitro, os cônjuges não se curam e seguem sendo um casal estéril, e para ter mais filhos deverão sempre confiar em um laboratório".
"A naprotecnologia é a verdadeira fecundação assistida", ironiza Raffaella Pingitore, a ginecologista mais especialista em dito método na área de língua italiana, e que realiza na clínica Moncucco de Lugano (Suíça). "No sentido que assistimos a concepção desde o princípio até o fim, ou seja, desde a fase de distinção dos marcadores de fertilidade na mulher até às intervenções farmacológicas e/ou cirúrgicas necessárias para permitir que o casal chegue de um modo natural à concepção".
Conjunto de técnicas diagnósticas
O nome deriva do inglês "natural procreation technology", tecnologia da procriação natural. Mais que uma tecnologia, é um conjunto de técnicas diagnósticas e intervenções médicas que tem como objetivo distingüir a causa da infertilidade e sua pontual eliminação. Começa-se com as tabelas do modelo Creighton, que descrevem o estado dos biomarcadores da fecundidade durante todo o ciclo menstrual da mulher, e que se baseiam, principalmente, na observação do estado do fluxo vaginal, realizado pela mulher mesma. O pilar que sustenta toda a naprotecnologia é a capacidade de observação de si mesma que tem a mulher: para isto, se a forma na parte inicial do recorrido. As tabelas corretamente preenchidas, com o estado do fluxo vaginal dia-a-dia e os outros dados, são a base de todos os passos sucessivos. À partir daqui já é possível diagnosticar carências hormonais, insuficiências lúteas e outros problemas que se podem tratar com a ministração dos hormônios que faltam. Se a infertilidade persiste, continua-se com o exame detalhado do nível dos hormônios no sangue, a ecografia da ovulação e a laparoscopia avançada. Podem ser necessárias, então, intervenções de microcirurgia das trompas ou de laparoscopia avançada para extirpar as partes danificadas pela endometriose. O resultado final é uma porcentagem de nascidos vivos entre 50% e 60% do total dos casais que realizam o tratamento durante no máximo dois anos (mas a maior parte concebe no primeiro ano), contra uma média de 20-30% que recorre aos ciclos de fecundação in vitro (em geral, seis ciclos).
A negligência dos médicos
"Uma das coisas que mais me escandaliza é a difundida negligência no diagnóstico das causas de infertilidade", explica Raffaella Pingitore.
"Hoje, depois de umas poucas análises pragmáticas, se dirige a mulher aos centros de fecundação assistida. Chegamos ao ponto que, há alguns anos, a Sociedade Estadunidense de Medicina Reprodutiva declarou insuficiência lútea como inexistente, porque não podia ser diagnosticada "cientificamente". Mas podemos sim diagnosticá-la envolvendo a mulher e pedindo-lhe que observe e descreva diariamente o estado do seu fluxo vaginal, procedimento que nos permite diagnosticar a insuficiência lútea. Isto para muitos médicos é impensável: se limitam à uma extração no vigésimo primeiro dia do ciclo menstrual para medir o nível de progesterona. Mas só 20% das pacientes têm um ciclo perfeitamente regular, pelo que o dado obtido da extração se diagnostica quase sempre como inútil".
"Nos Estados Unidos, em Omaha, no Estado de Nebraska, iam visitar ao doutor Thomas Hilgers, o verdadeiro criador da naprotecnologia, mulheres às quais haviam-lhes descartado a endometriose depois de uma laparoscopia. Mas realizando uma laparoscopia avançada descobria-se que em 90% dos casos a endometriose existia. À mim muitas vezes acorreu o mesmo. Uma laparoscopia avançada deveria ser uma prática padrão nos testes de esterilidade, mas a tratar-se de uma intervenção cirúrgica, a hostilidade para com ela é grande".
Que o fato de recorrer de maneira indiscriminada à fecundação assistida é paralelo à negligência diagnóstica se deduz também pelo elevado número de pacientes que recorrem à naprotecnologia depois de ciclos fracassados de fecundação in vitro. O doutor Boyle afirma que nos últimos seis anos, no grupo de pacientes com idade inferior aos 37 anos que já haviam tentando dois ciclos de fecundação assistida, a porcentagem das que conceberam graças ao método de procriação natural foi de 40%. Raffaella Pingitore conta sua experiência pessoal: "A paciente tinha 36 anos e desejava uma gravidez há oito anos; havia realizado no passado cinco ciclos de fecundação assistida sem êxito. A fiz registrar a tabela dos marcadores de fertilidade, e observamos que tinha uma fase satisfatória de fluxo fértil, mas alguns níveis hormonais um pouco baixos, o que indicava uma ovulação um pouco defeituosa. Também tinha sintomas de endometriose; realizei uma laparoscopia, encontrei a endometriose e coagulei os focos de endometriose no útero, ovários e trompas. A submeti à uma terapia para que estivesse em menopausa durante seis meses: deste modo secavam-se bem todos os focos de endometriose que talvez ainda existissem. Depois desta terapia continuei com um fármaco, o Antaxone, com dieta e com o apoio da fase lútea com pequenas injeções de gonadotrofina. Isto aumentou o nível de hormônios, e no quarto mês de tratamento havia alcançado um fluxo muito bom. No décimo sétimo dia depois da ovulação realizamos o teste de gravidez, que resultou positivo".
Custos e benefícios
O escrúpulo do profissional eticamente motivo pode mais que as técnicas artificiais. O demonstra a anedota da doutora Pingitore, e demonstram as estatísticas do doutor Boyle. Na Irlanda, ao longo de quatro anos, o ginecologista curou à 1.072 casais que desejam um filho há mais de cinco anos. A idade média das mulheres era de 36 anos, e quase um terço delas já havia tentado ter um filho com a fecundação in vitro. Após seis meses de tratamento naprotecnológico, a eficácia do método foi de 15,9%. Após um ano, de 35,5%; após um ano e meio, 48,5% das pacientes havia ficado grávida. Se o tratamento durava dois anos, quase 65% das pacientes ficava grávida.
Sobre uma base de pacientes muito menor, a doutora Pingitore, no biênio 2009-2011, obteve uma média de 47,3% de gravidezes. Nos Estados Unidos (país onde não estão vigentes leis que limitam o número de embriões fecundados que podem ser transferidos para o útero), os índices da fecundação assistida após seis ciclos são os seguintes: 30-35% para mulheres com idade inferior aos 35%; 25% para mulheres entre os 35 e os 37 anos; 15-20% para mulheres entre os 38 e os 40%; 6-10% para mulheres com idade superior aos 40 anos.
Depois temos a questão, para nada secundária, dos custos, enquanto na Itália se discute sobre ela porque, além do co-pagamento, o gasto corre à cargo da saúde pública. Em tempos de austeridade e de efeitos deletérios da dívida pública, no entanto, deveria ter um valor em nosso país a relação gasto/eficácia. Portanto, se comparamos os custos de dois anos de tratamento naprotecnológico com os seis ciclos de fecundação assistida, a segunda custa onze vezes mais que o primeiro. Um único ciclo de fecundação in vitro custa ao redor de 3.750 euros, mais 1.000 euros de medicação, pelo que seis ciclos custariam 28.500 euros, aos quais tem que se adicionar outros 800 para a congelação e a manutenção dos embriões e 1.200 para a transferência dos mesmos, por um total de 30.500. Enquanto que, inclusive alargando o tratamento naprotecnológico à dois anos, os custos são modestos: 300 euros para o curso de formação nos métodos naturais, 800 para as visitas médicas e 1.500 para os medicamentos, por um total de apenas 2.600 euros. Provavelmente, os parlamentos e os ministros da Saúde dos países europeus não são muito sensíveis aos temas bioéticos, mas facilmente poderão fingir surdez diante das petições de verificação da relação custos/benefícios entre os dois métodos.
"A naprotecnologia está destinada a difundir-se, embora seja só por um tema vinculado aos custos, nos quais se calculam também os efeitos colaterais da prática de fecundação assistida: não nos olvidemos que as crianças que nascem com esta técnica têm mais probabilidade de malformações e problemas de saúde, que os que nascem de maneira natural", recorda Raffaella Pingitore.
"No entanto, primeiro é necessário derrotar ao lobby da procriação assistida. É um lobby super-milionário, que enriquece centenas de pessoas, e que não deixará facilmente que se coloque o bastão entre as rodas".
Fonte: Religión en Libertad
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