EFE
"Uma explosão destruiu na madrugada desta quarta-feira parte do portão da casa do cardeal arcebispo de Santa Cruz, na Bolívia, Júlio Terrazas, presidente da Conferência Episcopal da Bolívia (CEB). De acordo com investigações divulgadas pela agência de notícias do governo boliviano, o ataque aconteceu por volta das 00h30 de quarta-feira (23h30 de terça-feira, em Brasília) e teria sido causada por bastões de dinamite.
O cardeal não estava na casa no momento. Ele se recupera de uma cirurgia no coração em sua cidade natal, Vallegrande, a 241 quilômetros de Santa Cruz.
A explosão também danificou janelas das casas vizinhas. De acordo com a imprensa boliviana, após a explosão foi colocado em ação um plano de vigilância em toda a cidade, e foram cercadas todas as principais saídas.
Testemunhas disseram que, cerca de 15 minutos antes da explosão, um carro de cor chumbo estava estacionado nas proximidades da casa do bispo, com três homens e uma mulher. A polícia não prendeu nenhum suspeito.
Tensão política
O vice-presidente da CEB, Edmundo Abastoflor, atribuiu o atentado ao clima de tensão política no país. Abastoflor, Arcebispo de La Paz, afirmou em uma entrevista coletiva que "a situação na Bolívia está levando a que a violência seja considerada um recurso fácil", mas expressou confiança de que "o clima do país seja cada vez mais pacífico" para encontrar "caminhos de paz".
Abastoflor também leu uma declaração da CEB que "lamenta profundamente e rejeita" o que a organização chama de "ataque criminoso", que "reflete uma atitude de intolerância."
"Um ataque à casa do Cardeal é também uma afronta à sua pessoa, sua dignidade e à sua liderança como chefe da Igreja Católica na Bolívia, e, portanto, contra a própria Igreja Católica", acrescenta o documento.
O cardeal Terrazas tem sido repetidamente acusado pelo presidente boliviano de ser alinhado com a oposição. Terrazas e outros representantes da Igreja Católica da Bolívia têm questionado as políticas de Morales, em especial a reforma constitucional patrocinada pelo governo, que transformou a Bolívia em um Estado secular, apesar de invocações a Deus e a Pachamama, uma divindade indígena, no texto constitucional.
Santa Cruz, o maior dos departamentos da Bolívia, é um dos focos de resistência ao governo de Evo Morales, principalmente às medidas que visam a centralizar o controle do país. A disputa em torno da autonomia dos departamentos é uma das questões centrais das recentes disputas políticas no país, e não foi resolvida pela nova Constituição aprovada em referendo neste ano, que estabelece uma divisão de poder que leva em conta o controle dos povos indígenas obre os seus territórios, o que se choca com projetos de autonomia aprovados pelos departamentos em 2008.
Investigação
O governo boliviano anunciou que fará uma "investigação exaustiva" para encontrar os responsáveis pelo atentado.
"O governo deu instruções à Polícia Nacional, às agências de inteligência e organismos de investigação para realizarem as operações necessárias para encontrar os autores [do atentado] e os processem", disse em uma entrevista coletiva o vice-ministro de Interior, Marcos Farfán.
Ele disse que, em nome do povo boliviano, expressava sua grande preocupação com o "ato de terrorismo contra uma pessoa que não só simboliza a Igreja Católica, mas também porque é uma pessoa importante no país."
O vice-ministro também informou que o governo vai garantir a segurança do cardeal Terrazas"
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